O Inimigo Público, um suplemento de humor criado no Público, vai passar a integrar o jornal Expresso. O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo semanário do grupo Impresa, que conta que passará a dedicar duas páginas às notícias falsas humorísticas já partir da primeira semana de janeiro, passando esta a ser também a casa digital do projeto de comédia satírica.

O suplemento de humor manterá a direção de Luís Pedro Nunes, fundador do jornal de humor, dos “redatores principais Mário Botequilha e Vitor Elias, entre outros”, assim como os cartoons de Nuno Saraiva, refere o Expresso. O semanário diz ainda que as páginas impressas Inimigo Público “terão o patrocínio da cerveja Sagres”.

Citado pelo mesmo jornal, Luís Pedro Nunes adianta sobre esta mudança: “Em 2022, os leitores IP poderão contar com um jornal formato berliner, uma revista com artigos grandes e grandes cronistas – um deles uma joia de pessoa – um suplemento de Economia com gráficos e cores e um saco reciclável que podem usar nas compras do hiper. “Os leitores do Inimigo têm tudo para estar confiantes com o que lhe vamos oferecer em termos de conteúdos extra nos próximos anos”, continua por dizer.

Já João Vieira Pereira, diretor do Expresso, refere: “A equipa do ‘Inimigo Público’ vai com certeza mostrar as grandes questões políticas do nosso país numa perspetiva singular”. Recentemente, o jornal revelou que o humorista Ricardo Araújo Pereira ia passar a ser um dos cronistas do semanário.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na semana passada, a direção editorial do Inimigo Público anunciou no seu antigo jornal que ia deixar o jornal Público após 18 anos a integrar este órgão de comunicação social. “Durante esses anos, que correspondem a mais de metade da vida do PÚBLICO, tivemos o privilégio de nos surpreender com a sua irreverência, de nos satisfazer com a sua imaginação ou de nos rir com a sua mordacidade”, lê-se no artigo de despedida.

De acordo com o texto publicado, a equipa do projeto justificou a decisão devido à “falta de investimento publicitário” neste antigo projeto do jornal do grupo e por considerar que seria necessário “reinventar nos formatos do jornalismo digital” o Inimigo Público, algo que considerou por: “Razões que consideramos legítimas  e que, como tal, merecem a nossa compreensão”, disse a direção editorial.

O Inimigo Público foi criado a 26 de setembro de 2003. Como relembrou a Sábado nos 13 anos do aniversário do projeto, na primeira edição “Rui Rio e Luís Filipe Menezes, ambos autarcas do PSD, mandavam construir um muro de Berlim sobre o Douro para não se verem um ao outro – “Gaia vai deixar de ver a Ribeira” anunciava o jornal. Além disso, “Paulo Portas aproveitava a ausência do primeiro-ministro e do Presidente da República do país para proceder a remodelações no Governo a partir do forte de S. Julião da Barra”.

Ao longo dos 18 anos no Público, o projeto chegou a passar pela televisão (em 2005), em 2009 chegou à internet, e, em 2012, chegou a ter um fim anunciado que não aconteceu. Ao longo dos anos o humor deste suplemento foi aclamado e também criticado devido à comédia por vezes controversa. Em 2020, por exemplo, um dos cartoons publicado no Inimigo Público motivou uma queixa-crime contra o Público por parte da Polícia de Segurança Pública. A última edição em papel no jornal onde nasceu foi publicada na sexta-feira.

PSP apresenta queixa contra o Público por causa de cartoon. “Ir atrás dos cartoonistas é sintoma de qualquer coisa”, responde jornal