Parece mentira mas é verdade: dos 87 bens de Diego Armando Maradona que foram a leilão este domingo, só 29 foram vendidos. Os herdeiros do antigo jogador argentino, incluindo os cinco filhos, tentaram desprender-se de alguns carros e imóveis que estão a dar prejuízo mas nenhum dos 1.500 participantes no leilão quis ficar com os bens e objetos mais valiosos.

“Pelo seu significado emocional, é o leilão mais importante da história da nossa empresa. Os interessados, no nosso país e no mundo, terão uma oportunidade única para adquirir um bem de Maradona num leilão totalmente transparente, realizado por profissionais”, anunciava o Grupo Adrián Mercado, a leiloeira responsável pelo evento. Dentro do lote de bens estavam quadros com a figura de Maradona ou camisolas que o jogador utilizou mas também artigos mais inesperados e pessoais como móveis e um humidificador de charutos.

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Em resumo, os cinco bens mais valiosos do leilão não encontraram comprador — algo que se torna ainda mais relevante se tivermos em conta que os herdeiros de Maradona baixaram todos os preços para estimular a compra. Os três carros nem sequer tiveram ofertas: uma carrinha Hyundai H1 que usou quando foi treinador dos Dorados de Sinaloa, um BMW 759i e um BMW M4 completamente modificado por e para o jogador. Este último, contudo, tem a particularidade de não poder circular legalmente, já que tem luzes azuis, a assinatura de Maradona do pára-brisas e uma buzina semelhante à sirene da polícia.

Depois, as duas casas. Também a mítica casa dos pais de Maradona, em Villa Devoto, ficou por leiloar: a mansão foi oferecida pelo jogador em 1980, quando começou a dar nas vistas no Argentino Juniors, mas nem isso ajudou a empurrar uma solicitação que começava nos 900 mil dólares. Também o apartamento que o argentino tinha em Mar del Plata, em Buenos Aires, permanece vazio. Os dois imóveis eram a grande prioridade dos herdeiros de Diego Armando Maradona, já que ambas as propriedades estão vazias e sem qualquer aproveitamento e a dar prejuízo a cada dia que passa.

Os objetos leiloados, contudo, são essencialmente de elevado valor sentimental. Um boné com as cores da Venezuela, oferecido por Nicolás Maduro a Maradona, rendeu 520 dólares. Um guitarra autografada pelo guitarrista andaluz Vicente Amigo, com a inscrição “A Diego Armando Maradona, o maior da história”, valeu mil dólares. E um simples sombrero de palha com uma fita azul, que o jogador usou várias vezes de forma pública, chegou aos 320 dólares. Ao todo, os herdeiros amealharam 13.710 dólares — e, para isso, muito contribuiu o quadro “Entre Fiorito e o Céu”, da pintora Lu Sedova, que chegou aos 2.150 dólares e foi o objeto mais valioso a ser leiloado este domingo.

“Quando mandaram a foto em que ele aparecia a olhar para a minha obra soube que tinha conseguido. O maior da história estava a olhar para o meu trabalho com os seus próprios olhos, o que é que posso dizer? O meu fanatismo pelo Diego existe desde que tenho uso da razão. Tive a honra de o conhecer nos meus primeiros dias como artista no estádio do meu clube, o San Lorenzo. Naquele momento prometi-lhe que ia pintar uma obra dele e durante muito tempo foi uma assinatura pendente na minha carreira. Quando fez 60 anos, senti que era o momento de lhe fazer uma homenagem em vida e cumprir a promessa”, explica a artista em entrevista ao Clarín, recordando que entregou a pintura em outubro de 2020 e que demorou cerca de quatro meses a completá-la.

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Contudo, existe uma explicação para o facto de os bens mais valiosos de Diego Armando Maradona não terem sido leiloados: metade dos 1.500 participantes inscritos não puderam participar, já que se inscreveram mas não deram as garantias necessárias a tempo. “Tendo em conta um evento desta envergadura e a quantidade de ofertas nacionais e internacionais que não chegaram a fazer o devido registo antes da data de encerramento das habilitações (sábado, 18 de dezembro) e ainda tendo ficado uma grande procura por cumprir devido à impossibilidade de realizar ofertas, a empresa vai autorizar que todas as entidades, pessoas ou empresas que queiram fazer ofertas o possam fazer nos próximos 10 dias úteis, acreditando devidamente a sua garantia correspondente”, explicou a leiloeira. Ou seja, os três carros e as duas casas de Diego Armando Maradona ainda podem encontrar dono nos próximos 10 dias.