Charly, um tigre de Bengala de 3 anos, e Sandai, um orangotango do Bornéu, com 26, ambos de espécies em vias de extinção, foram os eleitos para dar a cara pela campanha de vacinação experimental que fez do Buin Zoo o primeiro jardim zoológico da América Latina a inocular animais contra a Covid-19, mas não foram os únicos a ser vacinados.
Ao todo, foram 10 os animais vacinados neste Zoo, nos arredores de Santiago, dentro de um universo de cerca de dois mil. Em comum com Charly e Sandai, os outros escolhidos — três leões, três pumas e três tigres — têm o facto de pertencer às espécies que mais propensão têm para serem infetadas com o SARS-CoV-2. Quase um mês depois da inoculação, no dia 13 de dezembro de 2021, todos continuam bem de saúde, testemunhou a reportagem da Agência France Presse no local.
“A ideia é proteger os animais mais suscetíveis de contrair o coronavírus enquanto se testa se as vacinas geram imunidade e, em caso afirmativo, quanto tempo dura”, explicou Sebastian Celis, chefe do departamento veterinário do Buin Zoo.
Apesar de, neste zoológico, não ter sido até ao momento detetado qualquer caso de Covid-19 entre os animais (na verdade, nunca foram sequer feitos testes, já que nunca houve animais com sintomas), em todo o mundo o que não faltam são casos que comprovam que a infeção pode ser transmitida ou pelo menos contraída por várias espécies. Em zoos de Singapura, Croácia e Estados Unidos já houve casos confirmados de leões positivos, na Bélgica de hipopótamos e na Indonésia de tigres de Sumatra, por exemplo. E a doença também já foi detetada em animais domésticos, martas e até veados.
Se nos Estados Unidos foram vários os zoos que já decidiram começar a inocular os animais em maior risco de contágio, o chileno Buin Zoo é o primeiro de toda a América Latina a fazer o mesmo. O facto de o Chile ser o quarto país em todo o mundo com maior percentagem de população vacinada — 90%, sendo que em dezembro foi aprovada a inoculação de crianças a partir dos 3 anos — não será acessório.