A vice-secretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman, transmitiu esta terça-feira aos países da NATO o resultado das conversações sobre a Ucrânia mantidas na segunda-feira com o seu homólogo russo, manifestando a intenção de Washington em “colaborar estreitamente” com os aliados.
A principal negociadora dos Estados Unidos da América (EUA) neste dossier encontrou-se com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e os embaixadores dos países que integram a organização na sede da Aliança Atlântica em Bruxelas, um dia após as conversações mantidas em Genebra (Suíça) com o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Riabkov, que não permitiram qualquer progresso concreto em torno da situação da Ucrânia.
Para quarta-feira está prevista em Bruxelas uma reunião do Conselho NATO-Rússia, e de seguida um encontro na quinta-feira da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), a plataforma de diálogo este-oeste herdeira da Guerra fria.
Diversos responsáveis europeus lamentaram que Washington assuma a chefia das negociações com Moscovo, por recearem ser marginalizados das tentativas em curso para tentar diminuir as tensões na fronteira com a Ucrânia e evitar um confronto com a Rússia.
No entanto, Wendy Sherman assegurou, através da rede social Twitter, que os EUA estão “determinados em trabalhar em estreita colaboração com os seus aliados e parceiros com o objetivo de encorajar a desescalada e responder à crise securitária provocada pela Rússia”.
I briefed the North Atlantic Council on yesterday’s discussions with Russia at the Strategic Stability Dialogue in Geneva. The United States is committed to working in lockstep with our Allies and partners to urge de-escalation and respond to the security crisis caused by Russia. pic.twitter.com/RKKIJ1IUbE
— Wendy R. Sherman (@DeputySecState) January 11, 2022
Sherman também acrescentou que, juntamente com Jens Stoltenberg, “reafirmámos uma abordagem unificada da NATO face à Rússia, efetuando o equilíbrio entre dissuasão e diálogo, e sublinhámos o nosso apoio indefetível à Ucrânia”.
Numa mensagem dirigida à vice-ministra dos Negócios Estrangeiros ucraniana, Emine Djaparova, também assegurou a Kiev e aliados que “não tomará decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia”.
Em paralelo, a partir de Kiev, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, assinalou que a Rússia “não tem direito de voto” em relação a uma eventual adesão da Ucrânia à NATO, num momento em que Moscovo exige garantias de um não alargamento da Aliança Atlântica para leste.
A Rússia não tem o direito de voto sobre uma adesão da Ucrânia à NATO. É uma linha vermelha que não será ultrapassada nem pela Ucrânia nem pelos seus parceiros ocidentais, declarou Kuleba ao site BBC-Ukraine.
“O Ocidente não aceitará fornecer à Rússia garantias jurídicas sobre o não alargamento da Aliança a leste porque isso seria o seu falhanço estratégico”, precisou.
Acusou ainda a Rússia de ter iniciado estas negociações para “subir até ao máximo as suas reivindicações, mas com exigências inaceitáveis desde o início”.
Moscovo, acusado por norte-americanos e europeus de preparar um ataque contra o seu vizinho ucraniano, aliado dos ocidentais, desmente qualquer intenção de invadir a Ucrânia.
As autoridades russas asseguram que o deslocamento de dezenas de milhares de soldados russos para as proximidades da fronteira comum foi uma reação à crescente e hostil presença da NATO no que Moscovo considera como a sua zona de influência.
Os ocidentais também ameaçam Moscovo com pesadas sanções económicas em caso de agressão, enquanto a Rússia também tem insistido na necessidade de garantias sobre o fim do alargamento da NATO às suas fronteiras, em particular à Ucrânia.