Os Estados Unidos decidiram esta segunda-feira impor sanções a altos membros da Justiça de Myanmar e ao operador de um dos principais portos do país, por violações de direitos humanos desde o golpe de Estado militar há um ano.

As sanções visam o procurador-geral do país, o juiz presidente do Supremo Tribunal e outros altos membros da Justiça de Myanmar (antiga Birmânia), segundo o anúncio feito pelos Departamentos de Estado e do Tesouro dos Estados Unidos quando se cumpre um ano do golpe de fevereiro de 2021, que substituiu um governo civil por um regime militar.

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São também alvo das sanções norte-americanas os presidente da comissão anticorrupção de Myanmar e a KT Services and Logistics Company, que opera um grande porto no centro económico de Myanmar, em Yangon, bem como o presidente desta empresa, além do departamento de compras do Ministério da Defesa do país.

As sanções congelam quaisquer ativos que os visados possam ter nas jurisdições dos EUA e impedem cidadãos norte-americanos de fazer negócios com eles.

O Reino Unido e o Canadá deverão adotar medidas semelhantes, segundo o Tesouro norte-americano.

“Um ano após o golpe, os Estados Unidos, juntamente com aliados no Reino Unido e no Canadá, estão ao lado do povo de Myanmar na procura de liberdade e da democracia”, disse o Tesouro num comunicado.

Na semana passada, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, pediu à comunidade internacional para aumentar a pressão sobre a junta militar birmanesa, para acabar com a repressão violenta e restaurar o poder civil.

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“O povo birmanês mostrou extraordinária coragem e resiliência em defender os seus direitos humanos mais básicos e no apoio mútuo. Agora, é a comunidade internacional que deve mostrar determinação em apoiá-los com ações concretas para acabar com esta crise”, disse Michele Bachelet.

Pelo menos 1.500 pessoas foram mortas pelas forças de segurança birmanesas desde o golpe militar de 01 de fevereiro de 2021, um número que, segundo o Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos, não inclui milhares de mortes devido à intensificação dos conflitos internos.

O Gabinete das Nações Unidas documentou nos últimos 12 meses a detenção arbitrária de 11.787 pessoas por manifestarem a sua oposição ao regime militar, das quais 8.792 permanecem sob custódia.

Em 1 de fevereiro de 2021, os generais terminaram um período de transição democrática e desde então executam uma política de repressão que já levou à morte de quase 1.500 civis, de acordo com um grupo local de monitorização, e dezenas de opositores foram condenados à morte.

Em prisão domiciliária há quase um ano, a ex-líder Aung San Suu Kyi, 76 anos, já foi condenada em vários processos e enfrenta décadas de detenção.

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