“Se os resultados forem os que perspetivamos, existe a possibilidade” da Caixa Geral de Depósitos (CGD) devolver cerca de 400 milhões de euros ao Estado até ao final de 2023, assegura o antigo ministro da Saúde e atual presidente executivo do banco público, Paulo Macedo, em entrevista ao Jornal de Negócios.

Desde 2019, a CGD pagou mais de 583,6 milhões de euros ao Estado em dividendos. Logo nesse ano foram 200 milhões de euros e no ano passado adicionou 383,6 milhões (83,6 milhões a meio do ano e 300 milhões no final do ano). O orçamento do Estado para 2022, que foi chumbado, inscrevia um valor de 200 milhões de euros de dividendos da Caixa a pagar este ano pelo exercício de 2021. Assim, conforme revela Paulo Macedo os 400 milhões serão os dividendos relativos a 2021 (a pagar este ano) e a 2022 (a pagar em 2023).

A Caixa ainda não apresentou os resultados referentes a 2021, devendo fazê-lo até ao final deste mês.

“A Caixa Geral de Depósitos teve de fazer face a novas imposições regulatórias, tal como os outros bancos. O que interessa ao acionista é que a Caixa tenha uma situação sólida, que consiga cumprir o seu papel na economia, mas ao mesmo tempo consiga desenvolver-se sem necessitar de novos aumentos ou chamadas de capital, como acionistas de outros bancos têm sido chamados a fazer”, sublinha Paulo Macedo.

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Além deste pagamento ao Estado, a Caixa, conforme noticiado esta terça-feira, teve autorização do Banco Central Europeu (BCE) para amortizar os títulos de dívida perpétua da entidade financeira, emitidos na recapitalização de 2017 e pelos quais pagava mais de 10%.

De resto, a luz verde do BCE teve em conta a avaliação positiva à solidez financeira da CGD, após conclusão com sucesso do plano de reestruturação. Antes, a tal taxa de juro de 10% associada aos títulos chegou a corresponder a mais de 53 milhões de euros por ano . Nas contas da instituição financeira, um total de 268,75 milhões de euros, em cinco anos.

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