A Comissão Europeia anunciou esta segunda-feira que enviou para a Ucrânia ajuda humanitária e material de proteção civil, como tendas, máscaras, medicamentos e até um posto para tratar militares feridos. Este equipamento deve chegar “nos próximos dias”, adianta ao Observador o porta-voz do executivo comunitário para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, numa altura em que sobe a tensão entre Rússia e Ucrânia.

O anúncio foi feito ao início da tarde em comunicado divulgado no site da Comissão Europeia. “O objetivo principal é ajudar a Ucrânia a preparar-se para todos os cenários possíveis”, afirma entretanto o porta-voz Balazs Ujvari.

O pedido de ajuda foi feito pela própria Ucrânia a 15 de fevereiro, ao ativar um mecanismo de apoio europeu. Depois, vários estados-membros ofereceram-se para reunir o material solicitado. Bruxelas conduziu todo o processo.

O que a Comissão Europeia fez foi contactar os estados-membros, para ver quais estariam disponíveis para fornecer o material pedido pelas autoridades ucranianas. E é com alegria que confirmo que cinco países já se ofereceram: Eslovénia, Roménia, França, Irlanda e Áustria. Reuniram máscaras, medicamentos, antibióticos, desinfetante e até geradores elétricos. Ou seja, uma grande variedade de equipamento”, detalha o porta-voz do executivo comunitário para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises.

Balazs Ujvari explica que o equipamento já está a caminho da Ucrânia para ser distribuído e adianta que deve chegar “nos próximos dias”. A Comissão Europeia “pagou 75% dos custos de transporte”, detalha, mas a responsabilidade de garantir que o material chega ao destino é dos estados-membros.

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Ouça aqui na íntegra as declarações do porta-voz da Comissão Europeia para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises:

Comissão Europeia está a enviar ajuda para a Ucrânia

Em declarações ao Observador, o porta-voz da Comissão Europeia para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises apela a que outros estados-membros também contribuam para este apoio. Portugal não foi, até agora, um deles, adianta. 

Balazs Ujvari afirma que a Comissão Europeia vai continuar a apoiar a Ucrânia ao longo dos próximos meses, tal como tem feito até agora.

Continuamos a trabalhar dia e noite com o nosso Centro de Coordenação de Resposta de Emergência para tentar mobilizar ajuda adicional para a Ucrânia. Vamos continuar extremamente empenhados”, afirma.

O porta-voz lembra que, desde 2014 (ano em que a Rússia anexou a Península da Crimeia, dando origem a uma crise), Bruxelas já ajudou a Ucrânia com “cerca de 200 milhões de euros”. “No ano passado, apoiámos o país com quase 30 milhões de euros”, explica Balazs Ujvari.

Entre o material fornecido pelos estados-membros, contam-se ainda luvas, sacos-cama, cobertores e kits de higiene.

Cruz Vermelha admite “preocupação” e pede que países envolvidos disponibilizem infraestruturas de apoio à população

O Comité Internacional da Cruz Vermelha alerta que o escalar de tensão entre Ucrânia e Rússia está a colocar vários serviços essenciais em risco de parar e admite estar “muito preocupado” com a situação.

“Nos últimos dois dias, pelo menos dois grandes reservatórios de água na região de Donetsk ficaram inoperacionais por causa das hostilidades”, alerta a organização num comunicado enviado ao Observador. “Os dois reservatórios fornecem água potável a mais de um milhão de pessoas, incluindo hospitais e outros serviços essenciais”, acrescenta a nota.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha apela assim “a todas as partes” envolvidas no conflito que dispensem “infraestruturas essenciais para a sobrevivência da população”.

Estamos muito preocupados com os desenvolvimentos no leste da Ucrânia nos últimos dias. Infraestruturas civis que fornecem serviços essenciais e pessoas que nelas trabalham estão protegidas pela lei humanitária internacional”, afirma a chefe de delegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha na Ucrânia, Florence Gillette, citada no mesmo comunicado.

A Cruz Vermelha alerta ainda que é preciso “cuidar” e “poupar” os civis.

O presidente russo reconheceu esta segunda-feira a independência das repúblicas separatistas ucranianas, violando os Acordos de Minsk. Vladimir Putin argumenta que a Ucrânia é historicamente parte do “Império Russo” e afirma que a Rússia se sente ameaçada. Putin ordenou entretanto a “forças de manutenção de paz” que entrassem nas duas regiões separatistas do leste da Ucrânia, de acordo com um decreto já publicado.

UE condena “grave violação” de reconhecimento russo de repúblicas separatistas