E ao 17.º dia, o adeus aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. O apagamento da chama olímpico deu-se este domingo, numa cerimónia onde o fogo de artifício esculpiu no céu a mensagem “Um mundo, uma família”. Entre muita cor, o brilho dos bailarinos sincronizados e o floco de neve (novamente) erguido no céu, as comitivas olímpicas entusiásticas entraram no estádio — saltaram, dançaram, tiraram selfies — ao som de “Ode to Joy”, como descreve a Reuters.

Caraterizando os últimos quinze dias como uma “experiência inesquecível”, o Presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, decidiu transmitir uma mensagem de paz: “O poder unificador dos Jogos Olímpicos é mais forte do que as forças que nos querem dividir”. Em plena crise ucraniana, Bach pediu aos líderes políticos “de todo o mundo” que se inspirem no “exemplo de solidariedade e paz” dos atletas: “Vocês [atletas] não se respeitaram apenas: vocês abraçaram-se, mesmo que os vossos países estejam divididos pelo conflito”.

A Noruega, com 37 medalhas, incluindo 16 de ouro, foi o país que conquistou o pódio, à frente da Alemanha, com 27, incluindo 12 de ouro — repetindo ambos as posições de 2018 — e da anfitriã China, com 15, nove das quais de ouro, que superou os Estados Unidos (25 conquistas, oito de ouro).

Sem medalhas, mas com melhores resultados comparativamente às edições anteriores, Portugal traz boas notícias no regresso a casa. Entre as conquistas históricas, Vanina Oliveira terminou a prova de slalom gigante no 43.º lugar, entre 82 participantes; José Cabeça tornou-se o melhor representante luso no esqui de fundo nos Jogos Olímpicos, ao cruzar a meta na 88.ª posição na prova de 15 km estilo clássico; e Ricardo Brancal obteve um surpreendente 37.º lugar no slalom gigante, superando o 66.º posto de Arthur Hanse em PyeongChang2018.

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Pequim 2022, que reuniu 2911 atletas em representação de 91 países, competindo em 109 disciplinas, decorreu sob fortes medidas sanitárias (em bolha). Mas as preocupações com a Covid-19 (e todos os atletas impedidos de competir) precedeu o escândalo da patinadora russa Kamila Valieva, com apenas 15 anos, que marca inevitavelmente esta edição: no dia seguinte a um salto quádruplo para a história, foi notificada de um controlo de doping positivo a um teste realizado a 25 de Dezembro. Aguarda-se, agora, uma decisão definitiva.

O salto quádruplo, o copo do avô, mais duas substâncias na amostra e a guerra Rússia-EUA: Kamila, a princesa no gelo que continua a derreter

No meio das polémicas, emergem histórias inspiradoras: de dj a atleta olímpico, Benjamin Alexander foi o primeiro jamaicano no esqui alpino; Elsa Desmond, a médica irlandesa que trocou os turnos por uma das modalidades mais perigosas (luge); ou Timothy LeDuc, o primeiro atleta olímpico a assumir-se como não binário. O foco das atenções no país anfitrião, contudo, foi para a chinesa Eileen Gu, nascida na Califórnia, coroada em big air ski e half-pipe e prata em slopestyle.

Elsa, a médica que esteve na linha da frente contra a Covid e agora está em Pequim a competir numa das modalidades mais perigosas dos Jogos

Os próximos Jogos Olímpicos de Inverno serão realizados em Itália, em Milão e Cortina d’Ampezzo, em 2026, de 6 a 22 de Fevereiro.