Portugal tem elevados níveis de armazenamento de gás natural e não se verificam quaisquer falhas nas entregas de gás natural liquefeito (GNL) pelo terminal de Sines, garante o Ministério do Ambiente e Ação Climática num comunicado sobre o impacto da guerra na Ucrânia na segurança do abastecimento.

O Ministério assegura que a garantia do abastecimento de petróleo e gás natural “estão salvaguardadas”, mas indica que a situação está a ter acompanhamento “próximo e constante do Governo e entidades competentes”.

Acrescenta ainda que o calendário de entregas de GNL para fevereiro e março decorre como programado pelos agentes do mercado. Há quatro importadoras de gás em Portugal: a Galp, a Endesa, a EDP e a Naturgás. Portugal tem níveis de armazenamento de gás que correspondem a 79% da capacidade total, valor que, diz o comunicado, “é um dos mais elevados da Europa em termos percentuais”. Por outro lado, o país tem uma maior diversidade de fornecedores, neste caso a Nigéria, os Estados Unidos e Trinidad e Tobago.

Já quanto ao gás natural vindo da Rússia, e que no ano passado abasteceu 10% do consumo português, não se antecipa que uma eventual disrupção no abastecimento perturbe o fornecimento ao mercado nacional. Em declarações ao Observador, o secretário de Estado da Energia, João Galamba, disse que este abastecimento resultou de uma compra pontual feita por um operador no final de 2021 e que não deverá repetir-se.

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O MAAC diz também que não se antevêem problemas de abastecimento de petróleo e derivados. A Rússia abastece Portugal de gasóleo e jet, mas estes produtos intermédios que se importam do país “representam uma pequena fração do total e têm fornecedores alternativos no mercado internacional”. Portugal, acrescenta, não importa crude russo desde 2020 e dispõe igualmente de reservas estratégicas de petróleo e de combustíveis para abastecer 90 dias de consumo.

Espanha tomou medidas adicionais para ter mais gás

Espanha que tem sido fundamental para o abastecimento de eletricidade a Portugal também anunciou esta quinta-feira tem garantido o abastecimento de gás para “os próximos meses”, mas dando detalhes sobre as medidas adicionais adotadas, que o Ministério do Ambiente português não indicou.

Em comunicado, a Enagas (que é gestora da rede de gás espanhola) revela que foram tomadas medidas de antecipação coordenadas com o Ministério da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico.  E que continuam a ser implementadas medidas preventivas para assegurar a segurança do abastecimento. A Enagás indica que está programada a chegada de 27 barcos de GNL dos quais 23 já descarregaram nos sete terminais que o país dispõe.

O sistema espanhol continua a receber o gás da Argélia através do gasoduto do Medgaz, indicando que as autoridades argelinas estão a receber tudo o que foi contratado. A Enagas diz que o nível de capacidade contratada é superior à de outros invernos e garante que: “com a situação de hoje e com as reservas de slots e capacidade já fechadas pelos comercializadores, não há indícios objetivos de uma situação de falta de abastecimento nos próximos meses,

Já Portugal deixou de receber gás da Argélia quando o país interrompeu as entregas através do gasoduto que passa por Marrocos, estando agora dependente do terminal de Sines.