Os chefes da diplomacia da União Europeia (UE) decidiram esta segunda-feira manter a missão militar europeia no Mali, que treina o Exército maliano desde 2013, enquanto aguardam pela resposta das autoridades malianas, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

“O Conselho de Negócios Estrangeiros debruçou-se sobre a situação no Sahel e, em particular, a situação vivida no Mali, tendo aí nós decidido manter a operação em curso, as missões da UE no Mali, enquanto aguardamos a resposta das autoridades malianas à carta que, em nosso nome, lhes dirigiu o Alto Representante [Josep Borrell]”, declarou Augusto Santos Silva.

Falando aos jornalistas em Bruxelas, após uma reunião dos chefes da diplomacia da UE, o ministro português da tutela adiantou que “essa resposta é que permitirá avaliar se existem ou não condições de prosseguir com a missão europeia”. “Ou se devemos tomar outras medidas”, adiantou, sem precisar.

A posição surge depois de, em meados de fevereiro, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, ter enviado uma missão ao Mali para avaliar a manutenção da presença militar europeia, que treina o Exército maliano desde 2013, esperando resposta “nos próximos dias”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na altura, França, ao lado de parceiros europeus e africanos, anunciaram a retirada “coordenada” das tropas do Mali devido “a múltiplas obstruções das autoridades de transição malianas”, prosseguindo o combate ao terrorismo nos países vizinhos.

Numa declaração conjunta divulgada pelo Eliseu na altura, lia-se que, “devido às múltiplas obstruções das autoridades de transição malianas, o Canadá e os Estados europeus que operam ao lado da operação Barkhane e no seio da operação Takuba consideram que as condições políticas, operacionais e jurídicas não estão reunidas para continuar o atual compromisso militar“.

Ainda assim, a luta pelo combate ao terrorismo vai prosseguir no Sahel, segundo a declaração conjunta também assinada por Portugal, com ações “no Níger e no Golfo da Guiné”, estando a ser levadas a cabo consultas locais para chegar aos termos de entendimento sobre uma nova missão até junho de 2022.

A França possui uma das suas maiores operações militares no Mali desde 2013, com a operação Barkhane a envolver atualmente cerca de 4.300 efetivos no Sahel e cerca de 2.500 estão no Mali. Esta não é a única força estrangeira no país, com um total de 25 mil soldados estrangeiros com diferentes mandatos a atuarem no Sahel.

Portugal está presente com cerca de duas dezenas de militares na operação da força especial europeia Takuba, ao lado de outros parceiros como Alemanha, Bélgica, República Checa, Dinamarca, Estónia, Grécia, Itália, Noruega, Holanda, Roménia, Reino Unido e Suécia.

A missão militar da UE no Mali conta, ao todo, com 1.100 homens que já formaram pelo menos 15.000 soldados malianos desde o seu arranque, em fevereiro de 2013.

Está previsto que esta missão termine em maio de 2024, num total de 22 Estados-membros envolvidos, incluindo Portugal.

A operação vai no quinto mandato de quatro anos, para a qual foi alocado um orçamento de 133,7 milhões de euros.