A bofetada de Will Smith a Chris Rock é um dos momentos mais insólitos na história dos Óscares. A agressão está a correr mundo graças, entre outras razões, aos fotógrafos que estavam em Los Angeles a documentar a cerimónia. Brian Snyder, da Reuters, marcou presença e, do espanto ao dever de informar, captou distintivamente o imprevisto.

O que distingue esta fotografia das restantes? Captou Smith a bofetear Rock poucos segundos após a agressão. Vê-se, inclusive, a expressão facial de dor do comediante que estava a dizer uma piada sobre o aspeto de Jada Pinkett Smith — está sem cabelo, sofre de alopecia — e o movimento descendente da mão do ator que viria a ganhar o Óscar de Melhor Ator pela atuação no filme “King Richard”. A internet não perdoa e esta imagem, além de ficar viral, foi igualmente transformada num meme.

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Snyder só viu a foto no fim do espetáculo, ressalvando que a agência de notícias estava a trabalhar através de um sistema de rede: “Todas as minhas fotos foram imediatamente enviadas aos editores ao mesmo tempo que as fiz”, contou à CNN Business. Além disso, quando a agressão aconteceu, os Óscares ainda iam a meio e “havia muito trabalho a fazer”, justificou. Exageros à parte, Snyder, que nunca tinha estado na cerimónia presencialmente, assumiu: “Não há nada na minha experiência de Óscares que se compare a isto”.

“Imediatamente depois [de ver a bofetada] a minha reação foi ‘isto acabou de acontecer?’”, confessou. A surpresa era a mesma na plateia, no público em casa e nos fotógrafos de vários meios de comunicação presentes no Dolby Theatre, que ficaram sem perceber se a ira era real ou se tudo não passava de uma encenação.

Inicialmente, os outros fotógrafos e eu não tínhamos a certeza se [a bofetada] era planeada ou [se se tratava de] outra coisa. Logo que Will Smith regressou ao seu lugar e gritou para o palco, imaginamos que não fizesse parte do guião. E depois comecei a olhar através da minha câmara à procura de reações”.

A bofetada de Will Smith a Chris Rock no momento mais insólito (da História) dos Óscares

Equipado com duas lentes (200-400 mm e 600 mm), Snyder considerou que a cobertura de um espetáculo depende do tempo de reação ao que se está a passar — seja insólito ou não. “Enquadras e focas, e depois tiras a foto. [Quando se está] a fotografar num teatro, a exposição para o palco e no público é muito diferente, então há um conjunto de configurações técnicas a ter em conta, é quase como fazer malabarismo”. E o fotógrafo, mesmo chocado (ou incrédulo), conseguiu carregar no botão no momento certo.