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Grammys. Na noite de Silk Sonic e Jon Batiste, foi de Zelensky o discurso marcante: "Os nossos músicos usam armaduras"

Este artigo tem mais de 2 anos

O duo Silk Sonic (Anderson .Paak e Bruno Mars) e Jon Batiste foram os principais premiados. Billie Eilish não venceu nenhum Grammy. Zelensky falou: na Ucrânia, os músicos não usam "fato de gala".

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Foi uma noite sem grandes polémicas e, ao contrário do que acontecera há uma semana nos Óscares, sem estaladas ao apresentador e humorista que conduziu a cerimónia (neste caso, não Chris Rock mas Trevor Noah) e sem passar ao lado da guerra na Ucrânia, com um discurso transmitido a partir de Kiev de Volodymyr Zelensky, Presidente do país invadido pela Rússia.

A cerimónia de entrega dos maiores prémios da indústria musical norte-americana decorreu na noite passada (madrugada de segunda-feira em Portugal) em Las Vegas — mais especificamente, na MGM Grand Garden Arena —, tendo sido transmitida para todo o mundo. E teve dois grandes vencedores, Jon Batiste e a dupla Silk Sonic, históricos da indústria reaparecidos, como Joni Mitchell (que discursou) e prémios que serão inevitavelmente vistos como homenagem mesmo não o tendo sido, como os gramofones atribuídos aos Foo Fighters, banda rock do baterista Taylor Hawkins, que morreu há cerca de duas semanas com apenas 50 anos.

Entre os principais vencedores, Jon Batiste destacou-se por ter levado aquele que é um dos prémios mais importantes da cerimónia, o de Álbum do Ano. Vencendo pelo disco We Are, que foi distinguido superando concorrentes como Happier Than Ever (Billie Eilish), Montero (Lil Nas X) e Evermore (Taylor Swift), Batiste somou ainda vitórias nas categorias Melhor Performance de Música de Raízes Americanas e Melhor Canção de Música de Raízes Americanas, graças à canção “Cry”.

Já na categoria Melhor Banda Sonora para Media Visuais [Filmes e Séries], Jon Batiste venceu ex aequo pelo trabalho para o filme de animação Soul – Uma Aventura Com Alma (banda sonora feita por Batiste, Trent Reznor e Atticus Ross), tendo sido igualmente distinguida a banda sonora de Carlos Rafael Rivera para a série Gambito de Dama.

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Quem também saiu da cerimónia com vitórias retumbantes foi a dupla musical Silk Sonic, composta pelo cantor, rapper e baterista Anderson .Paak e pelo cantor e compositor Bruno Mars. O duo venceu nas categorias Melhor Gravação do Ano, Melhor Canção do Ano e Melhor Canção de R&B devido ao single “Leave the Door Open”, tendo ainda conquistado ex aequo (com Jazmine Sullivan, autora de “Pick Up Your Feelings”) o gramofone de Melhor Performance de R&B.

A entidade organizadora dos prémios diferencia as categorias de Melhor Gravação do Ano, que distingue uma gravação em todo o seu conjunto (incluindo questões técnicas relativas ao som), e Melhor Canção do Ano, que premeia sobretudo méritos de composição musical. Os Silk Sonic, porém, venceram nas duas categorias e atuaram ao vivo na cerimónia.

Os prémios atribuídos a Jon Batiste e aos Silk Sonic contrastaram, por exemplo, com a ausência de distinções a Billie Eilish, que há dois anos (na edição de 2020) vencera seis prémios e que este ano não recebeu nenhum dos sete a que estava nomeada.

Mais sorte teve a jovem Olivia Rodrigo, fenómeno da pop com apenas 19 anos que venceu três Grammys: o de Melhor Álbum Vocal de Pop (atribuído ao disco Sour), o de Melhor Performance Pop a Solo (pela canção “Drivers License”, que cantou ao vivo) e o de artista revelação. Para esta última categoria estavam nomeados artistas como Finneas (irmão de Billie Eilish), a britânica Arlo Parks e a paquistanesa Arooj Aftab.

A noite não foi apenas dos músicos e cantores mais jovens e emergentes mas também dos históricos. Tony Bennett, que sofre de Alzheimer e não esteve na gala, venceu aos 95 anos um gramofone na categoria Melhor Álbum Cantado de Pop Tradicional — o prémio foi atribuído a Love for Sale, disco em que Bennett colaborou com Lady Gaga.

Já a cantora e compositora Joni Mitchell, nome cimeiro da música popular, venceu na categoria Melhor Álbum Histórico pela coletânea Joni Mitchell Archives Vol. 1: The Early Years (1963-1967). E teve uma aparição pública, coisa rara nos últimos largos anos, para comparecer à cerimónia e deixar vários agradecimentos a colaboradores que contribuíram para a edição do disco. Apresentou ainda a mais jovem cantora e compositora Brandi Carlile, chamando-lhe “a minha brilhante embaixadora e amiga”.

Pode rever aqui a cerimónia completa e recordar as atuações ao longo da gala:

A mensagem de Zelensky: “Os nossos músicos usam armaduras em vez de fatos de gala”

Um dos momentos marcantes da cerimónia aconteceu quando o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursou. Fê-lo precisamente uma semana depois de ter sido recusada a sua aparição na gala dos Óscares, para chamar a atenção da comunidade internacional para os crimes de guerra cometidos pela Rússia em solo ucranianos.

Através de uma mensagem em vídeo gravada 48 horas antes do evento, e que antecipou uma atuação do músico norte-americano John Legend com artistas ucranianos, Zelensky apelou aos artistas mundiais para que usem os palcos para contar a história dos ucranianos massacrados na invasão russa.

“A guerra. O que é mais oposto à música?”, questionou Zelensky, citado pelo Independent, antes de responder: “O silêncio das cidades arruinadas e das pessoas mortas.“

“Os nossos mais queridos não sabem se vão voltar a estar juntos. A guerra não nos deixa escolher quem sobrevive e quem permanece no eterno silêncio”, disse Zelensky. “Os nossos músicos usam armaduras em vez de fatos de gala. Cantam para os feridos. Nos hospitais. Até para aqueles que não os conseguem ouvir, porque a música vai passar de qualquer maneira.”

Zelensky repetiu várias vezes a analogia da guerra e do silêncio e garantiu às celebridades reunidas em Las Vegas que os ucranianos defendem a liberdade “de viver, de amar e de fazer música”. “Na nossa terra, estamos a combater a Rússia, que trouxe um silêncio horrível com as suas bombas. O silêncio morto“, disse ainda Zelensky, pedindo aos músicos que “preencham o silêncio” com música.

64th Annual GRAMMY Awards - Show

A mensagem de Zelensky, pré-gravada e transmitida em vídeo

Matt Winkelmeyer/Getty Images

Foo Fighters dominam nas categorias rock: três em três

Sem terem vencido nenhuma categoria generalista, o grupo norte-americano Foo Fighters dominou nas categorias rock, tendo vencido em todos os prémios exclusivos a artistas e bandas deste género musical.

A banda de Taylor Hawkins, que morreu há duas semanas com apenas 50 anos, conquistou o prémio de Melhor Performance Rock (graças ao tema “Making a Fire”), Melhor Canção Rock (“Waiting on a War”) e Melhor Álbum Rock (Medicine at Midnight). Ou seja, os Foo Fighters venceram nas três categorias a que estavam nomeados.

Embora as distinções pudessem ser vistas em jeito de homenagem, dada a morte prematura do baterista da banda e companheiro de estrada de longa data do vocalista (antigo baterista dos Nirvana) Dave Grohl, as votações dos Grammys foram encerradas em janeiro, portanto muito antes da morte de Taylor Hawkins. A banda chegou a ter uma atuação prevista nos Grammys mas foi cancelada na sequência da morte do musico — tal como aliás toda a digressão mundial planeada pelos Foo Fighters.

Foo Fighters cancelam digressão que incluía concerto no Rock in Rio Lisboa

Tyler, The Creator ganha Melhor Álbum de Rap, Jazmine Sullivan destaca-se no R&B

Se no rock os Foo Fighters foram hegemónicos, nas categorias rap as vitórias foram para Tyler, The Creator (Melhor Álbum de Rap, atribuído ao disco Call Me If You Get Lost), Kanye West e Jay-Z (Melhor Canção de Rap, graças a “Jail”) e Baby Keem e Kendrick Lamar (Melhor Performance Rap: “Family Ties”).

Já nas categorias que distinguem os melhores no género R&B, Jazmine Sullivan e os Silk Sonic foram os principais vencedores. A compositora e cantora venceu a categoria que premeia o Melhor Álbum de este género musical com Heaux Tales, que concorria por exemplo com We Are de Jon Batiste, e venceu ex aequo com “Leave The Door Open” dos Silk Sonic na categoria de Melhor Performance de R&B, com o tema “Pick Up Your Feelings”.

64th Annual GRAMMY Awards - Telecast

Jazmine Sullivan foi uma das principais vencedoras nas categorias R&B

Rich Fury/Getty Images for The Recording Academy

À Melhor Performance de R&B, os Silk Sonic somaram a distinção de Melhor Canção de este género musical do ano (“Leave the Door Open”), tendo a cantora H.E.R. vencido Melhor Performance de R&B Tradicional com o tema “Fight for You”.

Chris Stapleton no country, Bad Bunny na música urbana latina

Nas categorias referentes à música country, o grande vencedor foi Chris Stapleton, que venceu na categoria de Melhor Álbum (atribuído ao disco Starting Over), Melhor Canção (“Cold”) e Melhor Performance a Solo (“You Should Probably Leave”). Já nos blues Christone “Kingfish” Ingram venceu na categoria Melhor Álbum de Blues Contemporâneo, com o disco 662, superando a banda The Black Keys e o seu disco Delta Kream.

Nas categorias latinas, segmento mundial em franco crescimento de popularidade nos EUA e por todo o planeta, Bad Bunny venceu Melhor Álbum de Música Urbana (com o disco El Último Tour del Mundo), superando a concorrência de J Balvin, autor do disco Jose, e Kali Uchis, que estava nomeada por Sin Miedo (Del Amor y Otros Demonios).

Mais surpreendente foi o gramofone referente a Melhor Álbum Latino de Rock ou Música Alternativa não ter distinguido o popular álbum El Madrileño, do espanhol C. Tangana, mas sim Origen, do colombiano Juanes. Também Angélique Kidjo venceu um Grammy, o de Melhor Álbum de Música Global, com Mother Nature, tendo a Melhor Performance neste género sido atribuída a Arooj Aftab, pelo tema “Mohabbat”.

64th Annual GRAMMY Awards - Premiere Ceremony

Angélique Kidjo a receber o seu Grammy, este domingo à noite em Las Vegas

Matt Winkelmeyer/Getty Images

“Summer of Soul” e Louis CK também premiados

Nas categorias folk e reggae, os prémios de melhor álbum foram respetivamente para Rhiannon Giddens e Francesco Turrisi (They’re Calling Me Home) e Soja (Beauty in the Silence). Já nas categorias jazz os distinguidos foram Songwrights Apothecary Lab, disco de Esperanza Spalding (Melhor Álbum Cantado de Jazz) e Skyline, álbum que juntou Ron Carter a Jack DeJohnette e Gonzalo Rubalcaba e que foi distinguido como Melhor Álbum Instrumental de Jazz.

O documentário “Summer of Soul”, de Questlove, venceu na categoria Melhor Filme de Música, Bo Burnham na categoria de Melhor Canção escrita para cinema ou televisão (com o tema “All Eyes On Me”) e o humorista Louis CK na categoria Melhor Álbum de Comédia (por Sincerely Louis CK).

A 64ª edição dos Grammys considerou como elegível a prémios álbuns e canções lançadas entre 1 de setembro de 2020 e 30 de setembro de 2021 — ou seja, as edições dos últimos seis meses só serão elegíveis para prémios em 2023. Os vencedores foram escolhidos por um corpo votante de mais de 11 mil membros da Academia de Gravações norte-americana.

Nos últimos anos, a credibilidade daqueles que são os principais prémios da indústria musical dos EUA tem vindo a ser colocada em causa por alguns pesos pesados da música norte-americana, como o cantor The Weeknd e o rapper e cantor Drake.

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