Numa intervenção, este sábado, na Comissão Nacional do PS, António Costa deixou um desabafo sobre a negociação com a Comissão Europeia para a redução temporária do IVA dos combustíveis para a taxa intermédia: “Não está fácil”. Portugal aguarda a decisão e entretanto já avançou com uma medida alternativa. É o primeiro contratempo no novo ciclo que António Costa começa agora e que também lançou no partido.

Mas antes de chegar a esta reorganização, Costa fez uma introdução sobre o novo ciclo político que se inicia agora num contexto que, “sem ilusões”, admite ser difícil. Foi quando falava nisto mesmo que admitiu que “não está a ser fácil” a negociação com a Comissão Europeia para avançar com uma redução temporária do IVA para a gasolina e gasóleo.

“Mas enquanto negociamos com a Comissão Europeia e aguardamos uma proposta positiva, decidimos reduzir o que cobramos m ISP” equivalente à redução do IA para 13% , disse sobre a medida que anunciou no debate do Programa do Governo, logo na quinta-feira.

Ainda no fim de março, Costa mostrou-se mais otimista sobre este mesmo assunto ao dizer que acreditava que teria a resposta da Comissão “a tempo de, entretanto, estar instalada a nova Assembleia República e de ela poder entrar em funcionamento”. Isto porque “só a Assembleia da República tem competência para baixar a taxa do IVA […] porque o Governo não tem competência”, detalhava nessa altura.

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Depois também repetiu a ideia que também deixou no debate sobre a política de rendimentos, repetindo que o caminho imediato não pode ser o de aumentar salários. “Não vamos embarcar em medidas de ilusão onde rapidamente os aumentos [salariais] são engolidos pela inflação”, afirmou o socialista que é também o primeiro-ministro. Sobre salários, Costa apenas garantiu “prosseguir com a política de rendimentos tendo em vista a melhoria dos salários” que constava no programa eleitoral do PS, agora transformado em Programa de Governo.

Costa lembrou os socialistas como todos os ciclos políticos em que tem liderado o Governo “têm sido marcado por problemas” com que não contava, apontando os incêndios, a Covid e, agora, a guerra na Ucrânia. “Mas quem assume a responsabilidade de governar tem de estar preparado para o fazer nas horas boas e nas horas más”.

Referiu-se ao que se passa na Ucrânia como “brutalidade, selvajaria e desumanidade”: “Uma dimensão de crueldade que julgámos que tinha acabado nas guerra dos meados do século XX”.

Mas neste capítulo, Costa garantiu a capacidade de o Governo se “ajustar” à realidade que vier. “Temos capacidade para ajustar aos imprevistos e às necessidades de resposta para o imediato”, afirmou em nome do seu Executivo. “A política não é um caminho linear, há imprevistos que surgem pelo caminho, as linhas retas são entrecruzadas por linhas curvas e temos de ir conduzindo, tendo em conta os obstáculos que surgem e as linhas que se cruzam”.

A direção que Costa reorganiza na entrada da maioria

Na reunião do órgão máximo do PS entre congressos, que decorreu num hotel em Lisboa, o socialista apresentou ainda os nomes que alinhou para o “novo ciclo” político, nomeadamente para encabeçarem o partido nesta fase de maioria absoluta. A lista ao secretariado foi eleita por 88% dos votos da Comissão Nacional do PS e o novo secretário-geral adjunto, João Torres, com 93%.

Torres diz-se “muito motivado por servir o PS” nestas novas funções e referiu os “resultados expressivos” da votação que, afirma o novo secretário-geral adjunto, deixam “mensagem clara de que o PS está unido e muito mobilizado neste novo tempo político que vivemos para continuar a trabalhar em prole do progresso e desenvolvimento económico e social do país”.

No secretariado nacional, António Costa manteve grande parte dos nomes, mas deixou cair o de Alexandra Leitão (que saiu do Governo contra a sua vontade, como deixou claro em declarações públicas) e Graça Fonseca. Isto além de Marcos Perestrello, Bernardo Trindade e João Tiago Silveira.

Quem sai: as ex-ministras Alexandra Leitão e Graça Fonseca, a coordenadora autárquica Maria da Luz Rosinha e também Bernardo Trindade, João Tiago Silveira e Marcos Perestrello.

Quem entra de novo: Isabel Moreira, Francisco André, Júlia Rodrigues,
Luís Antunes e Vera Braz. Além de José Luís Carneiro e Ana Catarina Mendes — no anterior secretariado estavam por inerência, já que eram secretário-geral adjunto e líder parlamentar, respetivamente.

Quem estava e fica: Eurico Brilhante Dias (agora por inerência, como líder parlamentar) e João Torres (novo secretário-geral adjunto), Eduardo Vítor Rodrigues, Ana Mendes Godinho, Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva, Pedro Nuno Santos, Isilda Gomes, João Azevedo, Jamila Madeira, Luis Patrão, Mariana Vieira da Silva, Pedro do Carmo, Pedro Cegonho,  Susana Amador e Pedro Marques.

Além disso, o líder socialista anunciou ainda, nesta mesma reunião, que será Manuel Pizarro a substituir Carlos Zorrinho à frente da delegação socialista dos socialistas portugueses no Parlamento Europeu.

Artigo atualizado às 14h18 com a votação e as declarações do novo secretário-geral adjunto.