Mais de mil militares da Ucrânia renderam-se às forças da Rússia em Mariupol, cidade cercada há semanas, disse esta quarta-feira o Ministério da Defesa russo, mas Kiev não confirma nem desmente: “Não tenho essa informação”, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia.

“Na cidade de Mariupol, na área da metalúrgica Ilyich (…), 1.026 militares ucranianos da 36.ª brigada de infantaria da Marinha depuseram voluntariamente as armas e renderam-se”, disse o Ministério russo num comunicado.

Segundo a mesma fonte, 150 militares ficaram feridos e foram tratados no hospital Mariupol.

Já na manhã desta quarta-feira, o líder checheno, Ramzan Kadyrov, escreveu no Telegram que mais de mil fuzileiros ucranianos ter-se-iam rendido na cidade de Mariupol, noticiou a Reuters.

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Kadyrov recomendou que os restantes soldados ucranianos se rendessem também, uma vez que escreveu: “Em Azovstal, de momento, há cerca de 200 feridos que não podem receber assistência médica”. E acrescentou: “Para eles e para os restantes seria melhor acabarem esta resistência e irem para casa para as suas famílias”.

Durante a noite de terça-feira para quarta-feira, uma reportagem da televisão pública russa transmitida no Rossiya 24 anunciou a rendição de mais de mil soldados ucranianos em Mariupol.

As filmagens mostraram homens em uniformes de camuflagem a carregar feridos em macas ou a ser interrogados em pé no que parece ser um porão.

Na terça-feira, as autoridades regionais do sudeste da Ucrânia estimaram em pelo menos 20.000 mortos o número de vítimas em Mariupol, bombardeada por mais de 40 dias.

A luta está agora concentrada na gigantesca zona industrial da cidade.

Tomar Mariupol permitiria aos russos consolidar os seus ganhos territoriais na faixa costeira ao longo do Mar de Azov, ligando a região de Donbass à península da Crimeia, que os russos anexaram em 2014.

No início desta semana o Presidente da Câmara de Mariupol já havia declarado como “falso” um post de Facebook, segundo o qual a já referida brigada teria ficado sem munições e apoio, relatou a BBC.

Contudo o Guardian conta a história de um jovem um jovem britânico a lutar nas Forças Armadas Ucranianas na cidade de Mariupol, Aiden Aslin, que foi um dos soldados que se renderam às tropas russas, conta o Guardian.

Aslin disse à família e aos amigos que a unidade que integrava ficou sem comida ou munições e que não conseguiriam aguentar perante um cerco russo cada vez mais apertado. Ang Wood, a mãe do soldado, disse à BBC: “Ele ligou-me e disse que já não tinham armas para combater”.

O jovem britânico é um ex-cuidador natural de Newark (em Nottinghamshire) e juntou-se aos fuzileiros ucranianos em 2018, quando se mudou para aquele país. Antes, tinha já estado na Síria, onde lutou pelo exército curdo contra o Estado Islâmico.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.