Dois meses depois de estarem confinados nas suas casas para evitar a disseminação da pandemia de Covid-19, os habitantes da cidade de Xangai puderam finalmente voltar a sair esta quarta-feira. Mas a notícia do fim do confinamento não pode, na China, ser dada como o Observador agora está a noticiar. É que as autoridades chinesas fizeram questão de aconselhar os meios de comunicação social a escolher as palavras certas para descrever esta nova fase pandémica.

As autoridades chinesas desaconselham que os media do país usem a frase “Fim do confinamento” em Xangai, isto porque “ao contrário de Wuhan, Xangai nunca declarou um confinamento“, como afirmam as autoridades chinesas responsáveis pela censura, citadas pelo China Digital Times.

As diretivas divulgadas pelo jornal chinês foram apresentadas aos órgãos de comunicação esta quinta-feira, aconselhados-os a divulgar o máximo de informação relativamente à mudança nas medidas impostas na cidade, mas sem utilizar a expressão “fim do confinamento”. Estas indicações foram, no entanto, apresentadas oralmente aos responsáveis dos jornais, pelo que a transcrição é apresentada de um modo parafraseado.

Todas as partes de Xangai passaram por supressões e suspensões de gestão, mas as funções principais da cidade continuaram a operar durante este período [de confinamento]”, afirmaram ainda as autoridades. “Enfatizem que as medidas relacionadas [com a Covid-19] eram temporárias, condicionais e limitadas.”

Durante mais de dois meses, os cerca de 25 milhões de habitantes de Xangai tiveram de permanecer dentro das suas casas, sujeitos a testes todas as semanas e a realojamentos em centros de quarentena governamentais caso testassem positivo à Covid-19 — uma das muitas medidas adotadas pela China na sua “política de Covid Zero”.

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O alívio das medidas, contudo, não significou a liberdade total para os seus habitantes. Só os residentes das zonas consideradas de baixo risco, ou seja, livres de qualquer caso de Covid-19, é que podem sair à rua. Para se entrar em locais como transportes públicos, escritórios e bancos, é necessária a apresentação de um certificado de teste PCR com resultado negativo há menos de 72 horas. Museus, bares, ginásios e cinemas permanecem encerrados, e os restaurantes servem apenas comida no regime de entrega ao domicílio.