As forças russas decidiram colocar Mariupol em quarentena devido a um possível surto de cólera, revelou, esta segunda-feira, o conselheiro do autarca da cidade.

Estamos a ver a cidade a ser isolada”, disse Petro Andryyshchenko, citado pela BBC. “A palavra ‘cólera’ é mencionada dentro da cidade, entre as autoridades ocupantes e os seus responsáveis.”

Mas os problemas de saúde pública relatados não se ficaram por aqui. Segundo a mesma fonte, Mariupol está praticamente inabitável por causa do cheiro dos cadáveres.

O mais difícil na cidade é disfarçar o odor”, explicou o conselheiro. “Aterros sanitários no centro da cidade, morgues nos centros comerciais e cadáveres debaixo dos escombros. (…) A cada dia que passa o calor aumenta, e [os cadáveres] aumentam o odor, com cada vez mais moscas.”

O vídeo partilhado pelo conselheiro no Telegram pertence a um residente local que teve de se deslocar até a uma praia nos arredores de Mariupol para escapar ao odor, explica Andryyshchenko.

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Todos os dias, cerca de 1.500 a 2.000 pessoas formam fila num dos centros de ajuda humanitária russos na cidade. De acordo com Petro Andryyshchenko, apenas 400 kits de ajuda humanitária — que consistem maioritariamente em alimentos — são disponibilizados diariamente.

As pessoas ficam na fila durante seis horas ao calor e ao sol em vão”, afirmou igualmente no Telegram. “Não há água potável, e não é possível adquiri-la no território do ‘quartel general humanitário’.”

Andryyshchenkog denuncia ainda que, todos os dias, cerca de 10 pessoas são transportadas para o hospital da cidade após desmaiarem na fila e que o “odor da morgue, localizada a 200 metros, intensifica-se a cada dia”.

Segundo o conselheiro do autarca, não há outro modo de arranjar alimentos na cidade, tendo os habitantes de Mariupol de recorrer à “humilhação e bullying da ajuda humanitária russa”.