A reunião dos sete países mais industrializados do mundo (G7) em Elmau, na Alemanha, foi dominada pela guerra na Ucrânia e suas consequências, estando os líderes mundiais já de olhos postos em Madrid e na abertura da cimeira da NATO. O grupo reforçou a condenação da Rússia pela invasão da Ucrânia e as sanções contra Moscovo e aumentou o apoio a Kiev.

Atualmente, a Alemanha exerce a presidência do G7, de que fazem parte também o Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido. Na cimeira participaram além do chanceler alemão, Scholz, os Presidentes Joe Biden (EUA) e Macron (França) e os primeiros-ministros Justin Trudeau (Canadá), Mario Draghi (Itália), Kishida Fumio (Japão) e Boris Johnson (Reino Unido). A União Europeia esteve representada por Ursula von der Leyen e Charles Michel.

 Fundo de milhões para combater insegurança alimentar

Na reunião do G7, os países comprometeram-se a aplicar 4.700 milhões de euros em medidas para fazer face à “insegurança alimentar” provocada pela guerra na Ucrânia. Um alto funcionário da administração norte-americana que se encontrava na reunião revelou aos jornalistas que mais de metade do fundo, cerca de 2.600 milhões de euros, provém dos Estados Unidos.

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O bloqueio dos portos da Ucrânia e o bloqueio das exportações de cereais estão a aumentar os preços gerais dos alimentos. Este plano dos líderes envolve, segundo a fonte norte-americana, “esforços de apoio em mais de 47 países” para “ajudar a salvar vidas” e para evitar uma crise de fome mundial provocada pela guerra. Já o Presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu que “as próximas semanas serão cruciais” explicando que os cereais precisam de ser libertados antes da colheita deste ano.

G7 destina 4.700 milhões de euros para combater insegurança alimentar

Aumentar os custos de guerra para a Rússia

Os líderes do G7 comprometeram-se a aumentar os custos da guerra para a Rússia, uma vez que acreditam que o Presidente da Rússia não pode sair vencedor do conflito. “Putin não deve ganhar esta guerra”, defendeu o chanceler alemão Olaf Scholz, assumindo: “Vamos continuar a manter e a aumentar os custos” para Putin e para o seu regime.

Há apenas uma saída: Putin aceitar que os seus planos na Ucrânia não vão ter sucesso”, garantiu Scholz, citado pelo Deutsche Welle.

Acordo para limitar preço do petróleo russo

Uma fonte da administração dos EUA disse aos jornalistas, em anonimato, que os países do G7 concordaram em desenvolver um mecanismo para limitar os preços do petróleo russo e, assim, atingir uma importante fonte de receitas da Rússia.

O G7 vai “pedir aos ministros que trabalhem urgentemente para desenvolver um limite máximo para os preços do petróleo, consultando países terceiros e o setor privado, com o objetivo de estabelecer esse limite máximo”, disse a fonte oficial da Casa Branca, segundo o Deutsche Welle.

Em comunicado, os líderes confirmam que vão “explorar outras medidas para evitar que a Rússia consiga lucrar com a guerra”.  Para enfrentar a saída do petróleo russo destes mercados , o G7 revelou que vai procurar “desenvolver soluções” para reduzir as receitas russas em energia.

O chanceler alemão indicou que a implementação do limite de preço foi um “projeto muito ambicioso e exigente”, que ainda requer “muito trabalho”.

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Alemanha quer plano Marshall para a Ucrânia

“Estamos firmemente comprometidos em apoiar a reconstrução da Ucrânia através de uma conferência internacional de reconstrução e um plano de reconstrução internacional, que será desenvolvido e implementado pela Ucrânia em estreita coordenação com os parceiros internacionais”. A garantia foi dada por Olaf Scholz, que anunciou que a Alemanha está a trabalhar com a Comissão Europeia para organizar uma conferência sobre a reconstrução da Ucrânia após a guerra.

Para isso, o chanceler alemão acredita que é necessário um plano Marshall para a Ucrânia, que seja bem planeado e desenvolvido. Scholz refere-se assim ao esforço liderado pelso EUA para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial

Não será um esforço de alguns anos, será de muitos anos”, acrescentou.

A criação de um “clube clima”

Os líderes concordaram com a criação de “clube clima” até ao final deste ano, revela a CNBC, que cita o comunicado do G7. Comprometidos em ampliar a cooperação na luta contra o aquecimento global, os líderes querem um “setor rodoviário” altamente “descarbonizado até 2030”, bem como um “setor da energia totalmente ou predominantemente descarbonizado até 2035”.

O “clube clima” será então um fórum intergovernamental aberto a todos os países, referem ainda os dirigentes dos sete países. Os países envolvidos deverão fixar objetivos ambiciosos e excluir as tarifas comerciais relacionadas com o clima e às quais ficarão sujeitos os não-membros.

Precisamos de mais ambição para atingir as nossas metas climáticas “, disse Scholz nas suas declarações após a reunião do G7.

Numa cimeira marcada pelo reiterar de apoio à Ucrânia, os líderes condenaram o “abominável crime de guerra” contra o centro comercial da cidade ucraniana de Kremenchuk — ataque que provocou 18 mortes e 36 pessoas permanecem desaparecidas. Scholtz disse que os países irão “continuar a acompanhar e aumentar os custos económicos e políticos desta guerra” para a Rússia. Por sua vez, Macron acrescentou depois que Moscovo “não pode e não deve ganhar” o conflito.

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O encontro em Elmau, onde Boris e Trudeau gozaram com uma fotografia de Putin de 2009, vai continuar em Madrid, para onde os líderes viajam para participar na cimeira da NATO, que arranca esta quarta-feira.

“Vamos exibir-nos a montar a cavalo de peito à mostra”. Boris e Trudeau gozam com fotografia de Putin de 2009