Portugal e Timor-Leste estão a avaliar o conjunto de projetos de cooperação implementados pelos dois países para estudar eventuais reforços pontuais ou criar iniciativas idênticas noutros locais, disse esta quarta-feira o secretário de Estado da Segurança Social português.

“Os recursos são sempre limitados, temos que fazer opções e é difícil responder a todas as solicitações. Mas esse levantamento está a ser feito com o Governo de Timor-Leste”, disse Gabriel Bastos à Lusa em Díli.

A situação está a ser analisada. Há necessidade de reforçar o orçamento da cooperação em determinados equipamentos e respostas e depois há sempre uma perspetiva de futuro e de procurar, inclusivamente, criar novas respostas e novos equipamentos em regiões que ainda não são servidas. Isso também foi comunicado nesta visita”, afirmou.

O secretário de Estado português está de visita a Timor-Leste desde a semana passada para vários encontros com as autoridades timorenses, para participar numa conferência de alto nível sobre a segurança social e para visitar vários dos projetos implementados em Timor-Leste no âmbito da cooperação portuguesa.

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“Estes são projetos com resultados muito visíveis no que respeita aos beneficiários diretos, sejam crianças e jovens sejam idosos. Vê-se que são projetos de qualidade e que respondem e que têm esse impacto na comunidade em que se inserem, muitos deles em locais de difícil acesso, locais isolados e que por isso têm ainda uma relevância comunitária mais significativa”, notou.

Entre 2002 e 2021, a cooperação do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social português canalizou para Timor-Leste mais de 18 milhões de euros para mais de 30 projetos e iniciativas em todo o país.

Centradas em particular no combate à pobreza, as iniciativas incluíram apoio a duas dezenas de equipamentos, beneficiando no total quase 30 mil pessoas anualmente.

Entre as extensas áreas abrangidas contam-se apoio socioeducativo de crianças e jovens, apoio alimentar, formação, apoio social à educação, saúde, apoio domiciliário, língua e bibliotecas, internatos, alfabetização de adultos e animação comunitária e apoio a populações vulneráveis, incluindo doentes com tuberculose e HIV.

Progressivamente e ao longo dos anos, as autoridades timorenses têm vindo a assumir uma cada vez maior percentagem das despesas com os projetos.

Muitos dos projetos funcionam em locais onde a presença do próprio Estado é ainda escassa, em regiões isoladas ou em zonas onde há carências significativas quer de equipamentos quer de soluções de apoio às comunidades.

Gabriel Bastos disse à Lusa que é necessário agora “fazer um levantamento exaustivo, cuidadoso e rigoroso e depois um diálogo sobre prioridades” e para onde devem ser canalizados os investimentos.

“Da nossa parte há sempre o compromisso de procurar soluções que sejam viáveis, sempre na perspetiva de que estas respostas possam ser sustentáveis e possa haver cada vez mais e de forma progressiva uma assunção de responsabilidades maior por parte do Governo de Timor-Leste, como é intenção de ambas as partes”, afirmou.

“O que é mais relevante, depois de estar presente e testemunhar a importância destes projetos é que eles possam ter continuidade e que as crianças, os idosos que os frequentam tenham a segurança de que as respostas continuarão a existir, a assegurar essa missão de apoio e de proteção”, vincou.

A delegação portuguesa liderada pelo secretário de Estado da Segurança Social regressa a Portugal na sexta-feira.