A primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, deu esta terça-feira uma entrevista à CNN, onde abordou vários tópicos relacionados com a invasão da Ucrânia, começando pelo ataque russo ao centro comercial em Kremenchuk.

Não podemos reagir de outro modo do que com choque, isto foi um ato de terrorismo”, considerou a mulher de Volodymyr Zelensky. “Ficámos chocados várias vezes ao longo desta guerra, não sabemos o que a Rússia pode fazer mais para nos chocar.”

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Em relação à moral do povo ucraniano, a primeira-dama traçou uma analogia com o atletismo, explicando que o que início parecia uma guerra em “sprint” tornou-se agora numa “maratona”, em que todos os ucranianos, contou, estão ansiosos para que a guerra termine.

Nos primeiros meses — ou quilómetros — da “maratona”, a primeira-dama ucraniana, assim como os seus filhos, não puderam ver Volodymyr Zelensky, mas agora é possível realizar encontros ocasionais entre a família do líder ucraniano. “Não é uma relação normal quando as crianças não podem ver o seu pai e têm de falar com ele pelo telefone, por isso a nossa relação está em pausa, como a relação de todos os ucranianos”, esclareceu, contudo, Zelenska. “Nós, como qualquer família, estamos ansiosos para que nos seja possível reunir e partilhar momentos.”

A primeira-dama traçou uma comparação com o armário em Borodianka que se tonou popular por aguentar o bombardeamento das tropas russas em abril, fixo numa parede a metros do chão. “Estamos a perguntar uns aos outros ‘como estás’ e a responder ‘ estou como aquele armário em Borodianka’”, contou Zelenska.

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Questionada sobre como o seu filho mais pequeno está a encarar a guerra e se está a par da atual situação do seu país, Zelenska explicou que “não há muito que se possa esconder dos filhos hoje em dia”, especialmente num país invadido. “Por um lado, existe o sonho de um rapaz sobre feitos heroicos, mas por outro lado é bastante triste que o meu filho cresça assim. Estávamos a criá-los para a paz, não para a guerra.”

A saúde mental dos ucranianos no meio de um conflito com outro país foi outro dos tópicos abordados, algo que a primeira-dama acredita que pode estar relacionado com a história da Ucrânia. “Muitas pessoas especialmente os mais velhos, viveram sob a União Soviética, onde não havia na altura uma boa ajuda em relação à saúde mental, e temos de ultrapassar este estigma e fazer com que as pessoas percebam que se não estão bem, têm de procurar ajuda“, considerou.

Este estigma, para Zelenska, é mais representativo numa geração mais velha, uma vez que as “pessoas mais novas têm outra atitude”. A primeira-dama explicou ainda que o país tem um programa nacional dedicado à saúde mental, e que as autoridades estão a tentar minimizar as consequências da guerra “na sociedade e em cada pessoa”.

Os discursos diários do seu marido foram o último tema abordado durante a entrevista, em particular tratando-se Zelenska de uma escritora. Ao pedido de uma avaliação às declarações de Zelensky ao povo ucraniano, Zelenska afirmou perceber que “um discurso pode ser melhorado para atingir as pessoas“.

Mas o meu marido não precisa de ajuda”, esclareceu. “Ele sabe o que dizer e como dizê-lo. Acho que foi uma boa ideia, ele está em contacto com os ucranianos todas as noites, e os ucranianos sabem que ele cumpre o seu dever todos os dias, e que os informa do mais importante todos os dias. “