Um comité do Senado dos Estados Unidos pediu na terça-feira à Comissão Federal de Comércio que investigue se as autoridades chinesas estão a aceder a dados de utilizadores norte-americanos através da aplicação TikTok.

A carta, assinada pelo presidente do Comité de Inteligência, o democrata Mark Warner, e pelo vice-presidente, o republicano Marco Rubio, insta a Comissão a estudar em detalhe o uso que engenheiros e funcionários chineses poderiam fazer dos dados recolhidos pelo TikTok e pela proprietária da rede social, a chinesa ByteDance Technology.

Escrevemos em resposta a relatórios públicos sobre indivíduos da República Popular da China que acederam a dados de utilizadores dos EUA, contradizendo outras declarações públicas e, especificamente, um testemunho sob juramento em outubro de 2021”, afirma a carta.

Os senadores também destacaram o vínculo da empresa com o governo chinês, que detém uma participação na ByteDance.

Na carta, o Comité de Inteligência cita um artigo do portal noticioso Buzzfeed, publicado em meados de junho, que afirma que funcionários chineses do TikTok e da ByteDance acedem regularmente a dados confidenciais de utilizadores norte-americanos, segundo gravações de reuniões internas da empresa.

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O TikTok confirmou esta informação, mas garantiu à agência France Presse (AFP) que “nunca partilhou dados de utilizadores dos EUA com o governo chinês e não o faria se solicitada a fazê-lo”.

O artigo do Buzzfeed afirma que a empresa transfere alguns dos dados recolhidos para funcionários em Pequim.

Isto embora representantes do TikTok tenham negado, durante uma audiência no Congresso dos EUA, em outubro de 2021, qualquer contacto entre a aplicação e o governo chinês.

Atualizações recentes da política de privacidade do TikTok, indicando que pode recolher dados biométricos, como impressões faciais e registos de voz, levantam preocupações de que os dados de utilizadores dos EUA possam estar vulneráveis ao acesso extrajudicial por parte das agências de segurança da China”, acrescentou a carta.

O TikTok está sob escrutínio desde 2019, quando o ex-presidente dos EUA Donald Trump (2017-2021) exigiu que a ByteDance vendesse a aplicação a empresas americanas para continuar a operar no país, medida que nunca foi implementada.

Na segunda-feira, o Brasil abriu um processo administrativo para investigar se a rede social chinesa TikTok viola os direitos estabelecidos no Código de Defesa do Consumidor, tais como a proteção contra conteúdos nocivos.

Na Europa, o TikTok prometeu na semana passada alinhar as suas práticas com as regras da União Europeia sobre publicidade e proteção ao consumidor, após diálogo com a Comissão Europeia e a rede de autoridades nacionais de proteção ao consumidor.