O crédito à habitação registou em 2021 o crescimento mais acentuado desde 2017, com o montante concedido a aumentar 37% e o número de contratos celebrados a subir 29%, divulgou esta quinta-feira o Banco de Portugal (BdP).

“Em 2021, os crescimentos dos contratos de crédito à habitação celebrados e montantes concedidos foram os mais acentuados desde 2017”, lê-se no ‘Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Crédito de 2021’, segundo o qual, “em média, foram celebrados 9.720 contratos de crédito à habitação por mês, no montante de 1.230,4 milhões de euros”.

Segundo o banco central, “em 2020 o mercado de crédito à habitação não tinha sido particularmente afetado pela pandemia de Covid-19, tendo o montante de crédito concedido aumentado ligeiramente face ao ano anterior. Todavia, os crescimentos verificados em 2021 são os mais acentuados desde 2017“.

No ano passado, o montante médio por contrato de crédito à habitação foi de 126.580 euros, um valor superior aos 119.408 euros de 2020.

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O BdP nota que o montante de crédito à habitação concedido em 2021 “ultrapassou os valores de 2020 em todos os trimestres do ano”, destacando-se os crescimentos de 62,2% e de 43,1% verificados, respetivamente, no segundo e terceiro trimestres de 2021, “resultado dos efeitos da pandemia de Covid-19 nos períodos homólogos de 2020”.

Segundo a informação reportada pelas instituições à Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal, em 2021 os intermediários de crédito foram responsáveis pela comercialização de 16,1% do montante total de crédito à habitação concedido, o que compara com 12,9% em 2020.

Se o número de contratos na carteira das instituições se manteve relativamente estável, o saldo em dívida cresceu: No final de 2021, as instituições tinham em carteira 1,43 milhões de contratos de crédito à habitação (menos 0,9% do que em 2020), aos quais correspondia um saldo em dívida de 101.300 milhões de euros (mais 12,4%).

Em 2021, o prazo médio diminuiu nos novos contratos, mas aumentou nos contratos em carteira.

Assim, os novos contratos de crédito à habitação tiveram, em média, um prazo de 32,9 anos, o que compara com 33,1 anos em 2020.

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Os contratos em carteira no final do ano tinham um prazo médio de 33,5 anos, acima do prazo do final de 2020 (33,3 anos), o que, de acordo com o BdP, “pode estar relacionado com o regime de moratória pública, que foi acompanhado por um aumento da maturidade dos contratos”.

A taxa variável “reforçou a sua importância”, representando cerca de 85% dos novos contratos celebrados no ano passado, uma proporção acima da de 2020 (82,5%). Em contrapartida, diminuiu a importância da taxa mista (de 11,9% dos novos contratos, em 2020, para 10%, em 2021) e da taxa fixa (de 5,6% em 2020 para 5,1% em 2021).

O ‘spread‘ [margem de lucro dos bancos] médio dos novos contratos com taxa variável “manteve-se relativamente estável”, após as diminuições verificadas desde 2015, tendo os novos contratos indexados à Euribor a 3, 6 ou a 12 meses apresentado um ‘spread’ médio de 1,14 pontos percentuais, “relativamente próximo do spread médio dos contratos celebrados em 2020 (1,19)”.

Em 2021, o número de reembolsos antecipados e o montante reembolsado aumentaram cerca de 30%, sendo que o número de renegociações cresceu 36% e o montante renegociado aumentou 24%.

“O aumento de 36% das renegociações foi muito superior ao verificado em 2020 e registou-se num contexto de cessação do regime da moratória pública, que ocorreu em setembro de 2021 para a generalidade dos contratos”, refere o BdP.

De acordo com o banco central, “os mutuários não se encontravam em situação de incumprimento na maior parte dos contratos renegociados (88,8%)”.