O Twitter apresentou resultados trimestrais esta sexta-feira mas, desta vez, a tradicional conferência com analistas para comentar os resultados ficou pelo caminho. A “culpada”? A incerta operação de aquisição da rede social por Elon Musk, uma saga que a cada semana ganha novos capítulos.

Depois de este mês Elon Musk ter recuado na intenção de comprar o Twitter, a rede social avançou com um processo contra o homem mais rico do mundo para tentar fazer com que Musk cumpra com a palavra e avance mesmo para a compra. Esta semana, ficou decidido que o julgamento decorrerá em outubro, durante cinco dias, mas ainda sem uma data mais concreta.

Julgamento Twitter versus Musk marcado para outubro

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Se no primeiro trimestre a empresa indicava que, “tendo em conta a aquisição pendente do Twitter por Elon Musk”, não iria avançar com “guidance” para o resto do ano, retirando ainda todos os objetivos e projeções já partilhadas, nesta divulgação de contas a conversa é outra. “À luz de uma aquisição pendente por parte de uma entidade afiliada com Elon Musk, o Twitter não vai realizar uma conferência para os resultados do segundo trimestre”, avisou a empresa a 13 de julho, quando anunciou a data de apresentação de contas.

Perante este cenário, as contas do Twitter são apresentadas num contexto económico desafiante e com todas as atenções viradas para a batalha entre a empresa e Elon Musk. No segundo trimestre a rede social registou um prejuízo de 270 milhões de dólares, que compara com os 66 milhões de lucro de há um ano. A empresa registou ainda um prejuízo por ação de 0,35 dólares, contra o lucro de 0,08 dólares há um ano.

As receitas da empresa recuaram 1% em termos homólogos, para 1,18 mil milhões de dólares. Aqui a empresa justifica que este resultado “reflete a agitação na indústria de publicidade associada ao ambiente macroeconómico assim como a incerteza relacionada com a aquisição pendente do Twitter”. E, diz a empresa, excluindo “a MoPub e a MoPub Acquire”, teria sido registado um crescimento de 3%.

As receitas de publicidade aumentaram 2% para 1,08 mil milhões de dólares, representando a principal fonte de receitas da empresa no trimestre. Já as subscrições e outras receitas caíram 27% em termos homólogos para 101 milhões de dólares.

Os resultados do Twitter ficaram aquém das projeções avançadas pela FactSet e citadas pelo Wall Street Journal, que apontavam para receitas de 1,32 mil milhões de dólares. As mesmas estimativas referiam ainda uma perda de sete cêntimos por ação, contra os 8 cêntimos de lucro revelados pela empresa há um ano.

Já o número de utilizadores, uma das métricas mais valorizadas nas redes sociais, aumentou para 237,8 milhões de utilizadores ativos diários, um valor que está 16,6% acima dos 206 milhões de há um ano. A empresa refere que esta subida é justificada pelas “melhorias em curso nos produtos e pela conversação global em torno de eventos atuais”. As projeções da FactSet apontavam para um aumento de 238 milhões de utilizadores ativos diários. Nos primeiros três meses do ano, a empresa registava 229 milhões de utilizadores diários ativos monetizáveis.

Os utilizadores nos Estados Unidos, país de origem da rede social, aumentaram 14,7% para 41,5 milhões, enquanto a média de utilizadores a nível internacional atingiu os 196,3 milhões, uma subida de 17%.

Ainda sobre a aquisição pendente, o Twitter faz o resumo dos últimos desenvolvimentos, mencionando que avançou para um processo devido à ação “inválida e errada” de Musk. Dada a incerteza do desfecho sobre este tema, a empresa explica que “a data exata de conclusão da fusão”, caso se realize, “não pode ser prevista dada que está sujeita a litígio, adoção de um acordo de fusão por parte dos nossos acionistas e a satisfação de outras condições”.

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Subida das despesas continua no Twitter

Os custos e as despesas do Twitter aumentaram para 1,52 mil milhões de dólares, o que revela uma subida de 31% face há um ano. Assim, a rede social registou um prejuízo operacional de 344 milhões de dólares.

A época de divulgação de resultados trimestrais decorre a bom ritmo entre as tecnológicas. Esta semana a Netflix apresentou contas, revelando uma queda de quase um milhão de subscritores, ainda assim abaixo das projeções feitas pela empresa, que esperava um tombo de dois milhões de subscritores.

Esta quinta-feira, foi a vez de a Snap, a empresa responsável pela aplicação Snapchat, apresentar resultados. A companhia foi mais uma das tecnológicas a alertar o mercado sobre os tempos desafiantes que enfrenta, apresentando projeções onde refere as condições “incrivelmente desafiantes”. As receitas de 1,11 mil milhões de dólares ficaram aquém das expectativas dos analistas, que apontavam para 1,14 mil milhões de dólares. “Não estamos satisfeitos com os resultados que estamos a ter, independentemente dos atuais ventos desfavoráveis”, disse a companhia, numa chamada com analistas.

No “after-hours” desta quinta-feira as ações desta rede social afundaram 26%, criando uma espécie de arrastão que fez tombar os títulos de outras companheiras de setor, com a Meta a recuar 5%, o Pinterest 7% ou o Twitter, que cedeu 2%.

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