As organizações SOS Méditerranée, Médicos Sem Fronteiras e Sea-Watch pediram esta quarta-feira aos países da União Europeia um dispositivo de busca e salvamento no Mediterrâneo Central que salve os migrantes e lhes dê um porto seguro para desembarcarem com brevidade.

O apelo destas organizações não-governamentais (ONG) surge numa altura em que um total de 659 migrantes, incluindo 150 menores, esperam há dias a bordo do navio de MSF Geo Barents que um país europeu lhes diga onde podem desembarcar.

Mais de 1.000 pessoas resgatadas do Mediterrâneo aguardam desembarque

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Na época de verão, quando as condições meteorológicas são mais favoráveis para tentar uma viagem tão perigosa, as saídas da Líbia são mais frequentes, pelo que é necessária uma frota adequada de busca e salvamento”, sublinharam as organizações humanitárias em comunicado.

Desde 2014, o Mediterrâneo é “a rota migratória marítima mais mortal do mundo“, sublinham, lembrando que, desde então, um total de 19.737 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo central.

Só desde o início de 2022, o número de mortos chega a 907 vítimas. A realidade é provavelmente pior, devido a possíveis naufrágios sem testemunhas”, acrescentam.

Segundo as ONG, a incapacidade da Europa “de se comprometer com um esforço de busca e salvamento no Mediterrâneo central, bem como os atrasos na atribuição de um local de desembarque seguro, prejudicaram a integridade e a capacidade do sistema de busca e salvamento e, portanto, a possibilidade de salvar vidas”.

Na nota, as organizações apontam igualmente o dedo à guarda costeira líbia, considerando que negligencia “a sua obrigação legal de coordenar a assistência” e, quando intervém, “repatria sistemática e forçosamente os sobreviventes para a Líbia, um país que não pode ser considerado um porto seguro segundo a ONU”.

O chefe da missão de busca e salvamento dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), Juan Matías Gil, destacou na nota que “desde o início do verão, a equipa de busca e resgate dos MSF realizou três missões no mar”.

Infelizmente, o primeiro resgate teve um resultado dramático, com 30 pessoas desaparecidas e a morte de uma mulher”, enquanto nas duas operações seguintes “foram salvas um total de 974 vidas”, acrescentou.