A Guarda Nacional russa deteve dois empregados da central nuclear de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, ocupada pelas forças russas, por transmitirem informação às Forças Armadas ucranianas sobre a localização de pessoal e equipamento no perímetro da central.

Num comunicado, a corporação militar indicou que, ao deter os dois trabalhadores, “travou ações ilegais que ameaçavam a segurança da central nuclear de Zaporíjia“.

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Também deteve uma terceira pessoa que violou “o controlo de acesso” à central, um “cúmplice das Forças Armadas da Ucrânia”, que terá transmitido “as coordenadas do movimento de colunas militares russas”.

A Guarda Nacional russa assegurou que as suas forças continuam a proteger e a defender a central nuclear, a maior da Europa, em condições “difíceis”, depois de a terem tomado a 04 de março, no âmbito da invasão russa da Ucrânia, iniciada no final de fevereiro.

Segundo este grupo armado, durante estes mais de cinco meses de ocupação da central, foram detidos 26 “violadores de acesso” às respetivas instalações.

A mesma entidade garantiu que os funcionários da central nuclear “continuam a trabalhar como é habitual” e que “a Rússia mantém o abastecimento elétrico às instalações e está a monitorizar os níveis de radiação”.

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Especialistas de proteção radioativa, nuclear, biológica e química da Guarda nacional, juntamente com colegas do Ministério da Defesa russo estão a monitorizar diariamente a radiação, medindo os seus níveis em pontos de controlo ao longo do perímetro das instalações, precisou.

Além disso, sapadores e especialistas da brigada de minas e armadilhas, com a ajuda de cães detetores de minas, inspecionam diariamente o território adjacente à central nuclear em busca de engenhos explosivos.

Estas declarações da Guarda Nacional da Rússia surgem num contexto de preocupação da Ucrânia e do Ocidente com a segurança da central nuclear, sujeita a bombardeamentos que ameaçam causar uma catástrofe nuclear, como tem advertido a comunidade internacional.

Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), agência especializada da ONU, está a preparar uma possível inspeção à central de Zaporíjia.

A situação agravou-se com os recentes bombardeamentos nas imediações da central, de que a Rússia e a Ucrânia se acusam mutuamente.

A AIEA indicou na terça-feira à noite, num comunicado, que a Ucrânia a informou de que as explosões registadas no passado fim de semana causaram “danos adicionais” nas proximidades da central.

Grossi alertou novamente para “os graves riscos de segurança e proteção nuclear que as instalações enfrentam” e sublinhou a necessidade urgente de um grupo de especialistas da AIEA visitar a central o mais brevemente possível.

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A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos —, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

Na guerra, que esta quarta-feira entrou no seu 182.º dia, a ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.

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