Não foi uma má qualificação tendo em conta o histórico de resultados pela KTM no MotoGP em Aragão, permitiu que fizesse aquilo que ainda não tinha acontecido até agora, acabou por saber a pouco. Miguel Oliveira conseguiu pela primeira vez esta temporada somar duas presenças consecutivas na Q2 (a outra tinha sido em São Marino), tendo realizado a sétima melhor marca nos tempos combinados e sendo até o mais rápido na quarta e última sessão de treinos livres, mas acabou por não ir além de uma 11.ª posição na qualificação, partindo a meio da quarta linha da grelha para a penúltima prova na Europa em 2022.

A segunda Q2 seguida, a quarta melhor qualificação da época: Miguel Oliveira sai de 11.º no Grande Prémio de Aragão

“Senti-me bem desde cedo com a moto. Fizemos algumas alterações, mas poucas. À tarde começámos bem, com um tempo competitivo e a meio da sessão com voltas muito constantes. Não tive os tempos dos mais rápidos mas fiquei apenas três décimas do tempo de referência. Na última saída para a pista, com pneu macio atrás não encontrei a tração que necessitava. Melhorei um bocadinho, mas nada de significativo. Amanhã [sábado] de manhã vamos andar bastante mais rápido e, por isso, não acredito que sejam necessários milagres para podermos entrar no top 10. A KTM tem demonstrado bastante velocidade nas qualificações. Obviamente que isso não é sinónimo de um bom resultado. Vamos dar tudo por tudo para termos uma mota competitiva e fazermos uma boa corrida”, comentara o português na sexta-feira.

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“Viemos a Aragão com a mente muito aberta e para tentar algumas coisas diferentes. Não fomos lentos aqui no ano passado mas faltaram-nos mais alguns décimos para sermos competitivos e esta manhã [de sábado] já estávamos a um bom nível e posso dizer que valeu a pena. Não conseguimos acompanhar o ritmo dos outros na qualificação devido a algum tráfego e alguns erros. Teremos de fazer alguns progressos no início da corrida, se quisermos capitalizar amanhã [domingo]. Com um bom arranque podemos tornar as nossas vidas um pouco mais fáceis”, salientara Oliveira depois da qualificação.

Apostado em conseguir voltar a fazer um top 10 em corrida para com isso reentrar nos dez melhores do Mundial, Miguel Oliveira sabia que as Ducati partiam com uma larga vantagem em relação à concorrência como se viu ao longo dos dois primeiros dias mas apostava nessa tal boa saída para depois ter o tipo de corrida mais ao seu jeito onde a preservação dos pneus poderia ser a chave na segunda metade da prova. Haveria ainda um duelo particular entre Aleix Espargaró (quarto) e Fabio Quartararo para encurtar ou aumentar vantagens nos lugares da frente do Mundial mas as hipóteses de acabar num top 10 aumentariam substancialmente caso o português saltasse mais para a frente no arranque. Era aí que o Falcão apostava tudo, no intuito de começar a fechar da melhor forma o último ano ao serviço da KTM.

No entanto, e arriscando uma trajetória pelo meio, Oliveira acabou por ficar “entalado” na chegada à curva inicial ao contrário do que aconteceu com Brad Binder, que se manteve por fora para subir várias posições até a um fantástico segundo lugar entre a armada da Ducati com Pecco Bagnaia na frente e Jack Miller e Bastianini atrás. E, perante aquilo que se viu, a aposta de Oliveira foi mesmo a mais segura: só na primeira volta, Fabio Quartararo caiu após um toque na traseira de Marc Márquez e ficou de fora antes da terceira curva (com marcas que ficaram bem patentes na zona do peito do francês) e Nakagami também foi ao asfalto em novo toque com Márquez que obrigou quem ia atrás a travar para não atropelar o japonês.

O espanhol que estava de regresso à competição também não durou muito mais na corrida perante os problemas na moto, passando pelas boxes para ficar numa altura em que as posições começavam a ter alguma estabilidade: Bagnaia, Miller e Bastianini rodavam na frente, Binder baixou a quarto com Aleix Espargaró atrás, Miguel Oliveira ocupava a oitava posição fechando o primeiro comboio de motos na frente atrás de Johann Zarco e Luca Marini acelerava para colar também a esse grupo, algo que conseguiria a 18 voltas do final quando Brad Binder voltou também a um lugar de pódio ultrapassando Jack Miller.

A história estava longe de ter chegado ao fim, com Enea Bastianini a passar para a frente da corrida com Pecco Bagnaia em segundo antes de ter de alargar trajetória numa curva e voltar a ceder lugar ao italiano da equipa de fábrica de Ducati, Jack Miller em quinto atrás de Aleix Espargaró e Oliveira a descer para a nona posição atrás de Luca Marini depois de não ter conseguido passar Johann Zarco, sendo que com a diferença a subir para 1.5 segundos a margem para o português poder subir mais posições dependeria sobretudo da capacidade de quem ia à frente gerir o desgaste dos pneus e não começar a andar para trás.

Até ao final, não houve muitas mais mudanças apesar de começar a haver um maior distanciamento entre os pilotos da frente que durante as voltas iniciais rodavam quase em comboio. Ainda assim, Álex Rins foi capaz ainda de ultrapassar Álex Márquez e Miguel Oliveira para colocar a sua Suzuki no nono lugar, com o português a ficar apenas a fechar o top 10 da corrida com a clara ideia de que uma saída diferente poderia ter levado a uma posição mais adiantada perante a monotonia que imperou depois de todas as incidências que marcaram as voltas iniciais até às decisões finais: Aleix Espargaró arriscou e passou para terceiro à frente de Binder e com Miller colado, Enea Bastiani esperou até ao momento chave para ultrapassar Bagnaia, evitar a tesoura e garantir a sua quarta vitória neste Mundial de 2022 numa última volta que permitiu ainda a Marco Bezzecchi passar Miguel Oliveira e tirar o top 10 ao português.

Num dia marcado também por mais um título de construtores assegurado pela Ducati, Miguel Oliveira manteve o 11.º lugar no Mundial com 95 pontos, menos nove do que Maverick Viñales e Jorge Martín. Na frente, Quartararo passou a ter apenas dez pontos de vantagem em relação a Pecco Bagnaia e 17 de Aleix Espargaró quando o Mundial está a cinco corridas do final, a começar no Grande Prémio do Japão.