A manhã deste 209.º dia de guerra ficou marcado por um anúncio quase em simultâneo das regiões que compõem o Donbass e que são controladas por administrações pró-russas: entre os dias 23 e 27 de setembro vão ser levados a cabo referendos à integração destas regiões em território ucraniano na Federação Russa.

No mesmo dia, era esperado que o Presidente russo se dirigisse à nação, a primeira vez desde o início da guerra, mas tal acabou por não acontecer e o discurso terá sido adiado para quarta-feira.

Perante as notícias dos referendos, o líder ucraniano desvalorizou o “barulho” sobre a situação. “Hoje há notícias de alto nível da Rússia. Há muitas questões sobre isso. Mas o que aconteceu realmente? O que ouvimos que já não tínhamos ouvido antes?”, questionou, acrescentando que a posição da Ucrânia se mantém inalterada.

Outro tema que marcou o dia foi o arranque da Assembleia-Geral das Nações Unidas. O secretário-geral António Guterres elogiou o acordo conseguido entre Rússia e Ucrânia para a distribuição de cereais, mas alertou que a crise do gás pode trazer “um inverno de descontentamento” para todo o mundo.

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Igualmente relevante foram as declarações do Presidente turco, que se tem assumido como um mediador do conflito, dizendo-se convicto de que Vladimir Putin quer um fim rápido para a guerra.

O que aconteceu durante a noite?

  • Os referendos nos territórios ocupados não vão ter nenhuma efeito nas ações das Forças Armadas da Ucrânia e na continuação da contraofensiva, garantiu Mykhailo Podolyak, conselheiro do Presidente ucraniano.
  • A apresentadora russa Olga Rússia sugeriu que a Rússia podia ter lançado míssil nuclear para o Reino Unido durante o funeral da Rainha Isabel II.
  • O líder separatista sérvio-bósnio Milorad Dodik encontrou-se em Moscovo com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, dias após apoiar a agressão de Moscovo contra a Ucrânia, informaram meios de comunicação russos e sérvios.
  • O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que “os referendos fictícios” que a Rússia pretende organizar são inaceitáveis. Já o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, garantiram que a comunidade internacional nunca os irá reconhecer como legítimos. Os EUA e a NATO consideram que este se trata de um sinal de fraqueza da Rússia.
  • O Presidente da República afirmou que “Portugal está e estará sempre preparado para cumprir os compromissos da NATO até ao limite das capacidades”, dando a saída do Afeganistão como “um dos últimos” de referência.
  • O Presidente francês, pediu perante os membros das Nações Unidas que escolham a paz e que rejeitem estar em silêncio relativamente à invasão da Ucrânia. “Quem está em silêncio hoje está a ser cúmplice”, acusou.
  • O Pentágono considera que as declarações sobre a realização de referendos em regiões ocupadas pela Rússia fazem parte de uma estratégia de distração depois do sucesso da contraofensiva ucraniana.
  • Três restaurantes da cadeia McDonald’s reabriram esta terça-feira em Kiev pela primeira vez desde o início da invasão russa na Ucrânia, a 24 de fevereiro. O momento foi vista por alguns ucranianos como um sinal de que o dia a dia está lentamente a regressar a alguma normalidade.

O que aconteceu durante a tarde?

  • A Bolsa de Moscovo afundou quase 9%. O índice russo MOEX encerrou a sessão desta terça-feira com uma queda de 8,84%, tombando até valores mínimos de um mês. De acordo com os dados do TradingEconomics, as ações russas tiveram o maior tombo desde fevereiro, com o início da invasão da Ucrânia.
  • Não haverá um caminho diplomático se a Rússia avançar com os referendos nas regiões ucranianas ocupadas, disse Serhii Nykyforov, porta-voz do Presidente Voldodymyr Zelensky.
  • A Alemanha já tem os reservatórios de gás a 90%, aproximando-se, assim, da meta de 95% de capacidade de armazenamento que o governo definiu atingir até novembro para se preparar para o inverno. “Se tudo correr bem, as poupanças na Alemanha serão altas e se tivermos um pouco de sorte com o tempo, teremos uma hipótese de ultrapassar o inverno de forma confortável”, disse Robert Habeck, Ministro da Economia alemão.
  • Jake Sullivan, Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, anunciou que, após a contraofensiva ucraniana em Kharkiv, a Rússia pode estar a preparar-se para uma “mobilização geral” destinada à guerra na Ucrânia.
  • Mykhailo Podolyak, conselheiro do Presidente da Ucrânia, considera um “erro” pensar que o conflito na Ucrânia vai acabar este inverno. Em entrevista à Sky News disse que não haverá negociações com a Rússia até que todas as tropas russas estejam fora do país, incluindo da península da Crimeia, anexada em 2014, e da região do Donbass.
  • A seleção da Rússia, país que tem sido sucessivamente banido de eventos desportivos internacionais devido à invasão à Ucrânia, ficará fora do sorteio para a fase de qualificação do Europeu Alemanha2024.
  • Durante uma intervenção na Assembleia das Nações Unidas, o Presidente turco destacou que o acordo para desbloquear a exportação de cereais da Ucrânia foi “um dos maiores feitos das Nações Unidas em décadas recentes”. Ainda sobre a guerra na Ucrânia, Erdogan vincou que o “conflito está a escalar”.
  • O Presidente da Rússia elogiou a “elevada eficácia” das armas e equipamentos russos usados para combater as forças ucranianas. A CNN refere que as declarações foram feitas durante uma reunião com os chefes de empresas do complexo militar industrial.
  • Em Nova Iorque, onde está a participar na 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o primeiro-ministro António Costa disse esperar que a ida do ministro dos Negócios Estrangeiros russo à reunião geral possa ser “um bom sinal”.
  • O Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu para falar ao telefone com a máxima urgência com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, após o anúncio da realização de referendos em territórios como Kherson, Lugansk e Donetsk, avançou a NEXTA.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano afirmou que os “referendos falsos não vão mudar nada”. Já Andriy Yermak, chefe de gabinete do Presidente ucraniano, considera que os planos de referendos são uma reação ao medo de uma derrota.

O que aconteceu durante a manhã?

  • Várias regiões do Donbass, no leste da Ucrânia, anunciaram que vão realizar um referendo à integração na Federação Russa entre os dias 23 e 27 de setembro. As administrações locais pró-russas de Lugansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson confirmaram, quase todas ao mesmo tempo, que vão levar a cabo a votação e esperam que o resultado seja favorável à integração.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, elogiou a decisão das várias administrações locais, sublinhando que devem ser “as pessoas daqueles territórios a decidirem o seu futuro”.
  • Na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o secretário-geral António Guterres elogiou o acordo alcançado entre Ucrânia e Rússia, com mediação da Turquia e da ONU, sobre o transporte de cereais no mar Negro. Falou ainda sobre os riscos associados ao aumento do preço do gás, dizendo que se avizinha “um inverno de descontentamento”.
  • Na intervenção na Assembleia-Geral em nome do Brasil, o Presidente Jair Bolsonaro mostrou-se contra a aplicação de sanções à Rússia a propósito da guerra na Ucrânia. “Somos contra o isolamento diplomático e económico”, afirmou.
  • Já o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, disse antes do início da reunião que espera que o encontro na ONU possa servir para que “a Rússia venha a dar-se conta do enorme opróbrio que resulta da sua invasão da Ucrânia”.
  • O Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, afirmou numa entrevista que tem a sensação de que Vladimir Putin quer acabar com a guerra na Ucrânia “o mais rápido possível”, por a situação estar a desenvolver-se de forma “problemática”. Erdoğan defendeu ainda que qualquer acordo de paz deve, na sua opinião, envolver a devolução do território ocupado à Ucrânia. “Os territórios que foram invadidos serão devolvidos à Ucrânia”, garantiu.
  • O Parlamento russo fez alterações ao Código Penal que abrem a porta a uma possível mobilização geral para a guerra na Ucrânia, ao incluir expressões como “mobilização”, “lei marcial” e “tempo de guerra”. Penas para desertores e saqueadores também sobem.
  • Uma pessoa morreu e 12 ficaram feridas na sequência de ataques à região de Donetsk, no Donbass, na véspera, segundo confirmaram as autoridades locais.
  • As forças russas estarão a reposicionar os submarinos que estão no Mar Negro, de acordo com a informação avançada pelo ministério da Defesa britânico, no seu habitual relatório. A Rússia terá transferido os submarinos da zona da Crimeia para o sul do país liderado por Putin.
  • Alexei Navalny, opositor de Vladimir Putin que está a cumprir pena numa prisão de alta segurança, denunciou o recrutamento de prisioneiros para combaterem na Ucrânia e criticou fortemente a decisão, dizendo que a maioria dos condenados têm problemas em lidar com a disciplina militar e problemas com álcool e outras substâncias.
  • O presidente da Federação ucraniana anunciou que a Rússia será afastada do Euro 2024 — já depois de também ter sido excluída do Mundial 2022. A Alemanha quer que o mesmo aconteça com a Bielorrússia.