Milhares de iranianos juntaram-se esta sexta-feira em Teerão numa manifestação de apoio às autoridades, após quase uma semana de protestos contra o Governo pela morte de uma jovem que estava detida pela polícia de costumes.

A manifestação realizada em Teerão foi seguida de outras demonstrações de apoio às autoridades em várias regiões do país, onde se podia ver bandeiras iranianas, e que foram classificadas como “espontâneas” pelo governo.

Os manifestantes pró-governo gritaram contra os Estados Unidos e contra Israel, segundo relatou a comunicação social estatal, refletindo a posição oficial de que são os países estrangeiros que estão a fomentar os distúrbios dos últimos dias.

Milhares de manifestantes antigovernamentais e forças de segurança entraram em confronto em várias grandes cidades iranianas, na sequência de manifestações consideradas já como os distúrbios políticos mais graves no país desde 2019.

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Os protestos começaram no sábado, após o funeral de uma jovem de 22 anos, Mahsa Amini, que tinha sido detida pela “polícia de costumes” iraniana por ter o véu islâmico (o hijab) mal colocado.

Protestos contra a morte de Mahsa Amini mantêm-se pela quinta noite no Irão

A contestação evoluiu depois para o aumento do preço da gasolina, que é controlado pelo Estado.

A televisão estatal referiu esta sexta-feira que o número de mortos nos distúrbios desta semana pode chegar a 26, mas diversos grupos de direitos humanos dizem que foram mortas centenas de pessoas nas manifestações.

O Irão suspendeu o acesso à internet e apertou as restrições nas redes sociais mais usadas para organizar manifestações, como o Instagram e o WhatsApp.

A Universidade de Teerão anunciou que, a partir da próxima semana, irá passar a dar as aulas online para evitar mais agitação, adiantou a agência de notícias semioficial Fars.

A Amnistia Internacional já acusou as forças de segurança de espancar manifestantes com cassetetes e disparar balas de metal à queima-roupa.

Vídeos mostram polícias e paramilitares a usar balas reais, gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar os manifestantes.

O Irão enfrentou várias ondas de protestos no passado recente, principalmente devido à longa crise económica exacerbada pelas sanções norte-americanas ligadas ao seu programa nuclear.

Em novembro de 2019, o país registou as manifestações mais mortais desde a Revolução Islâmica de 1979, quando eclodiram protestos contra os aumentos do preço do gás.

As dificuldades económicas continuam a ser uma grande fonte de contestação, já que os preços dos bens de primeira necessidade dispararam e a moeda iraniana diminuiu de valor.

O governo Biden e aliados europeus têm trabalhado para recuperar o acordo nuclear iraniano de 2015, que levou o Irão a restringir as suas atividades nucleares em troca do alívio das sanções, abandonado unilateralmente pelo ex-Presidente dos EUA Donald Trump.