As manifestações no Irão prolongaram-se pela quinta noite consecutiva demonstrando indignação pela morte de uma jovem após ter sido presa sob acusação de falta de cumprimento das regras de vestuário para as mulheres.

Os manifestantes revoltados pela morte de Mahsa Amini mantiveram-se nas ruas em mais de quinze cidades do Irão bloqueando a circulação rodoviária, tendo-se registado em alguns pontos do país ataques contra veículos da polícia.

De acordo com as forças de segurança, carros da polícia foram incendiados na última noite e foram lançadas pedras contra os agentes. 

Os elementos da polícia usaram granadas de gás lacrimogéneo para dispersar as multidões, tendo sido efetuadas “várias detenções”, noticiou a agência de notícias oficial IRNA.

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Homens e mulheres manifestaram indignação nas manifestações que se mantêm nas ruas de cidades como Teerão, Mashhad (nordeste), Tabriz (noroeste), Rasht (norte), Ispahan (centro) e Kish, no sul do Irão.

O governador da província do Curdistão iraniano, Ismail Zarei Koosha, disse na terça-feira que três pessoas morreram durante as manifestações. 

Mahsa Amini, 22 anos, natural do Curdistão (noroeste) foi presa no passado dia 13 de setembro em Teerão, onde se encontrava de visita a familiares.

Amini foi presa porque “usava roupas não apropriadas” tendo sido acusada de falta de cumprimento por uma unidade especial da polícia que faz respeitar o código de vestuário das mulheres na República Islâmica do Irão.

No Irão, as mulheres têm de tapar os cabelos quando se encontram em público.

A polícia proíbe o uso de saias curtas, calças justas, jeans ou roupa de cores vivas, entre outras restrições.

Mahsa Amini “entrou em coma” após ter sido presa e acabou por morrer no dia 16 de setembro num hospital da capital, disseram familiares à televisão estatal.

A morte da jovem provocou de imediato manifestações no Irão assim como o protesto político internacional contra Teerão.

Morte de jovem de 22 anos depois de ser detida pela Polícia da Moral gera onda de protestos no Irão

Organizações como as Nações Unidas ou países como os Estados Unidos e a França já demonstraram preocupação sobre o “caso Amini” assim como pela forma violenta como as autoridades estão a tratar os manifestantes.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano condenou os protestos, classificando-os como “posições intervencionistas estrangeiras”. 

“É lamentável que alguns países estejam a aproveitar um incidente para se colocarem contra o governo e o povo iranianos”, disse ainda o porta-voz da diplomacia de Teerão.