O presidente da Câmara da Régua apelou a uma “justa repartição” da água no rio Douro, considerando que a diminuição dos caudais é um problema “para o futuro” e que são necessárias estratégias para o mitigar.

O autarca do município ribeirinho do Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, disse que a redução das descargas de água de barragens espanholas da bacia do Douro, noticiada esta quarta-feira, era “já expectável” por causa da seca que afeta os dois países.

O Ministério da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhol (MITECO) disse esta quarta-feira à Lusa que Espanha diminuiu “de comum acordo com Portugal” as descargas de água de barragens hidroelétricas para o caudal do rio Douro previstas para esta semana.

“A preocupação não é de curto prazo, é de médio e longo prazo. Sabemos que isto vai ser uma tendência e, sendo uma tendência, vamos ter este problema e vamos ter de lidar com ele para o futuro e vamos ter de criar estratégias para o podermos minimizar e mitigar”, afirmou José Manuel Gonçalves à agência Lusa.

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O autarca social-democrata do distrito de Vila Real defendeu “soluções que permitam fazer a retenção de água em outras zonas do território e que permitam mitigar as perspetivas do futuro” e apelou a um “equilíbrio na gestão deste bem comum”, por parte dos governos de Espanha e de Portugal.

José Manuel Gonçalves compreende as limitações que começam a haver do lado espanhol, mas sublinhou a necessidade de “um equilíbrio, uma justa repartição daquilo que existirá em termos de disponibilidade do bem”.

“Mas eu estou convencido de que o Governo português estará atento a isso e irá defender da melhor forma possível o interesses do nosso país”, salientou.

José Manuel Gonçalves fez questão de enaltecer a “gestão quase exemplar” por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que, na sua opinião, “antecipou” esta situação, conseguindo fazer uma retenção de águas nas duas albufeiras, onde há capacidade de armazenamento, designadamente as do Sabor e do Tua.

“E de alguma forma esta redução de Espanha será mínima. Tenho de agradecer aquilo que tem sido o papel da APA que antecipou, fez uma gestão atempada para que, no curto prazo, essa questão não se coloque de uma forma muito premente para todos aqueles que têm uma relação muito direta com o rio”, afirmou.

Para além da produção de energia hídrica, o rio Douro tem um forte aproveitamento turístico e, segundo José Manuel Gonçalves, “pelo menos, para este ano turístico, a navegabilidade não está posta em causa”.

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