Os protestos contra a limitação dos direitos da mulheres no Irão continuam e, entre os vários detidos registados na última semana, está agora Faezeh Hashemi, filha do ex-presidente do Irão. A mulher, ex-deputada e ativista dos direitos das mulheres, foi acusada esta terça-feira de promover manifestações. 

“Faezeh Hashemi foi presa no leste de Teerão pelas forças de segurança por incitar manifestantes a protestar na rua”, anunciou a agência de notícias Tasnim.

Já em julho, esta mulher foi acusada pela justiça iraniana de fazer propaganda contra a República Islâmica e de cometer blasfémia nas redes sociais.

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Depois da detenção de Faezeh Hashemi, o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, prestou esta quarta-feira declarações públicas, sem nunca mencionar este episódio. O Presidente realçou que os “inimigos” do Irão procuram “desculpas”, como a morte da jovem Masha Amini, presa pela polícia de moralidade, para promover “caos e insegurança” através de protestos.

“Eles [os inimigos] não simpatizam com a nação iraniana”, destacou Ebrahim Raisi num discurso dirigido à nação citado pela agência de noticias Mehr.

“A distância entre protesto e motim deve ser definida. Não há nada de errado em protestar e falar de oposição. Estes devem ser ouvidos, mas motins, a ruptura da segurança do país, a criação do caos e o ataque à vida e à propriedade das pessoas não é aceitável em qualquer lugar do mundo”, acrescentou Raisi.

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Para o Presidente iraniano, a “linha vermelha” da República Islâmica é “a segurança da vida e da propriedade das pessoas”.

“As pessoas não podem violar a vida e a propriedade e perturbar a sociedade com tumultos”, reiterou, segundo a agência de notícias IRNA.

Sobre a morte de Mahsa Amini, que desencadeou uma vaga de protestos no Irão que têm degenerado em incidentes e confrontos com as forças policiais, o Presidente iraniano defendeu que a questão “deve ser esclarecida”.

“Todos nós, com todos os gostos e todos os pontos de vista políticos, concordamos que este assunto deve ser tratado de forma transparente e justa”, referiu.

Desta forma, Raisi especificou que se houver “negligência” por parte dos polícias que detiveram Mahsa Amini será dado seguimento ao processo.

Ebrahim Raisi revelou que ligou para a família de Amini, cuja equipa jurídica apresentou uma queixa esta quarta-feira, em que pedem às autoridades iranianas competentes uma investigação detalhada sobre como a prisão foi realizada.

O Presidente iraniano realçou também que a morte da jovem de 22 anos “afeta todos os iranianos”.

“Não há ninguém que não esteja afetado”, assegurou, acrescentando que “transparência” e “justiça” são necessárias neste caso.