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As quatro fugas de gás nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, no Mar Báltico, estão a provocar aquela que será, provavelmente, a maior libertação de metano já registada de uma só vez, com consequências graves para o clima, alerta o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Devido à sua estrutura, o metano — principal molécula do gás natural, tem um tempo de vida mais curto, mas 80 vezes mais nocivo para efeito de estufa que o dióxido de carbono nos 20 anos após sair para a atmosfera. Segundo este programa, é responsável por 25% do aquecimento do global.

Na madrugada de segunda-feira, 26 de setembro, foram registadas as primeiras falhas no Nord Stream 2. Várias horas depois, no Nord Stream 1, que é a principal infraestrutura de abastecimento do gás russo à Europa. Ao todo, havia três fugas em três todos destes dois gasodutos, tendo o número subido para quatro na quinta-feira, 29 de setembro. Ucrânia acusa Rússia de ataque terrorista e Europa fala em sabotagem do Kremlin.

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A GHGSat, responsável pela monitorização global de emissões, estima que a taxa da fuga de gás seja de 22.929 quilos por hora só num dos pontos de rotura dos gasodutos. Este valor equivale a queimar cerca de 286 mil quilos de carvão por hora. Imagens do do Observatório Internacional de Emissões de Metano, recolhidas por satélite, mostraram uma “enorme nuvem de metano altamente concentrado”, descreve a Reuters. É, provavelmente, segundo Manfredi Caltagirone, à frente deste observatório, “o maior evento de emissões já detetado.”

“Esta taxa é muito elevada, considerando, sobretudo, que passaram já quatro dias desde a fuga inicial”, disse a GHGSat, em comunicado, citada pela Reuters. No entanto, segundo os últimos dados partilhados no Twitter pelo Observatório Internacional de Emissões de Metano, as emissões parecem estar a diminuir.

Estima-se que os danos nos gasodutos possam resultar numa libertação de metano superior à que foi registada no Golfo do México, quando em dezembro 2021, houve uma fuga numa plataforma de petróleo e gás — incidente que foi descoberto por um satélite da Agência Espacial Europeia. Em junho, investigadores da Universidade Politécnica de Valência concluíram que, nessa altura e em 17 dias, foram descartadas 30 mil toneladas de metano (30 milhões de quilos) — valor que corresponde 3% das emissões anuais de petróleo e de gás do México, diz o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.