A Associação dos Profissionais da Guarda (APG–GNR) defende que os aumentos salariais propostos para as forças de segurança são positivos, mas ainda assim “irrisórios“, afirmando que salários abaixo de mil euros não dignificam a carreira.

“Aquilo que para nós era estrutural era atualizar a tabela remuneratória da GNR e isso não vai acontecer, o senhor ministro diz que não tem condições para o fazer. O que é certo é que este pequeno valor, como eu disse e friso, é positivo, mas é um aumento irrisório para o que são as nossas pretensões e por isso nós não vamos desmobilizar de reivindicar aquilo que achamos que é justo. Isto não é justo, não valoriza a nossa carreira e nem tão pouco vai fazer com que novos elementos queiram vir para a GNR”, disse César Nogueira aos jornalistas.

O presidente da APG–GNR falava à saída de uma reunião no Ministério da Administração Interna, em Lisboa, na qual o ministro José Luís Carneiro recebeu estruturas socioprofissionais representativas dos militares da GNR para apresentar a nova tabela salarial.

“O senhor ministro acha que é muito positivo, nós achamos que qualquer aumento é positivo, por mais irrisório que seja. É lógico que aquilo que reivindicávamos, que é preciso criar uma carreira mais apelativa, não são certamente só os 107 euros em início de carreira que vão fazer mobilizar e retirar a desmotivação que existe nos profissionais”, disse César Nogueira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“No nosso entender tudo o que seja abaixo de mil euros não dignifica a nossa missão”, defendeu.

Melhores salários seria um ponto de partida para melhorar a atratividade da carreira na GNR, disse César Nogueira, referindo que no último concurso de admissão com duas mil vagas o total de candidatos ficou ligeiramente acima desse número e acabaram por ser aceites pouco mais de 900 e recusou que o argumento usado pelo ministro, de que há cada vez menos pessoas no país, seja a explicação para a redução de candidatos ao longo dos anos.

Insatisfeitos com a proposta, os profissionais da GNR preparam-se para uma série de protestos e vigílias, tendo já agendada uma concentração, com outras polícias, frente à residência oficial do presidente da República, o Palácio de Belém, para 21 de outubro.

“Vamos estar junto à residência oficial do senhor Presidente da República, a apelar ao senhor Presidente para que com o seu poder de influência consiga interceder junto do Governo para que melhore este orçamento, porque, de facto, como está não dignifica aquilo que é a nossa missão”, disse César Nogueira.

Antes, no dia 15, sábado, os militares da GNR juntam-se à manifestação da CGTP em Lisboa e no Porto, “até porque a questão principal [da manifestação] é a valorização salarial”.

Não estão excluídos outros protestos, tendo em vista o objetivo de melhorar a proposta salarial até ao fim da discussão do Orçamento do Estado para 2023, mesmo sabendo que a maioria absoluta dificulta alterações.

“Esperemos que com os nossos argumentos haja margem maior do que aquilo que nos foi apresentado. É positivo, mas é muito curto. É preciso alterar o sistema remuneratório todo da GNR, que já não é alterado há mais de 12 anos”, concluiu César Nogueira.

Os agentes da PSP e os militares da GNR vão ter no próximo ano um aumento no salário base entre os 90,64 e os 107,70 euros, conforme as posições remuneratórias, segundo a tabela que é hoje apresentada aos sindicatos.

A este aumento na remuneração base, entre os 10,9% e os 12,7%, acresce ainda uma subida do suplemento por serviço e risco nas forças de segurança entre os 18,13 e os 21,54 euros.

Segundo a proposta da nova tabela remuneratória, a que Lusa teve acesso, os agentes da PSP e guardas da GNR na primeira posição remuneratória vão beneficiar de um aumento de 90,64 euros, passando dos atuais 809,13 euros para 899,77, a que se junta um aumento de 18,13 euros do suplemento de risco, que sobe para 279,95.

A proposta de Orçamento do Estado para 2023 foi entregue na segunda-feira na Assembleia da República, pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.