É o próprio Elon Musk que se intitula “absolutista da liberdade e expressão”. Depois de anunciar que já controla o Twitter, o multimilionário poderá ordenar a reativação das contas de vários utilizadores que foram suspensos pelas declarações polémicas e até ofensivas. O também dono da Tesla e da SpaceX já disse que vai criar um conselho de regulação de conteúdo que, garante, contará com pontos de vista “diversos”. Até lá, diz que não serão tomadas decisões nem será reativada nenhuma conta.

A explicação surgiu depois da conta do rapper Kanye West no Twitter ter voltado a ver a luz do dia, dias após ter sido suspensa temporariamente por uma publicação antisemita. Horas depois da reativação, Elon Musk reafirmou a intenção: “Para ser super claro, ainda não fizemos nenhuma alteração às políticas de moderação do conteúdo do Twitter”.

Saída de bolsa e menos moderação de conteúdos. Os cenários para o Twitter com Elon Musk ao leme

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Mas Musk, que se tinha mostrado contra a suspensão permanente de Donald Trump, por exemplo, tem dito que quer restabelecer a “liberdade” ao Twitter — na sexta-feira, chegou a escrever que o “pássaro” (numa referência ao logótipo do Twitter) foi “libertado”. É por isso que vários jornais internacionais falam já na possibilidade de uma série de contas que foram banidas poderem voltar ao ativo. Quais?

Donald Trump

Former President Trump Holds Rally In Robstown, Texas

Elon Musk já tinha defendido que o bloqueio permanente de Donald Trump do Twitter tinha sido um “erro” e uma “má decisão moral”. Mais:  as expulsões deveriam ser “extremamente raras”. Aliás, uma das primeiras decisões que Musk tomou assim que passou a controlar a rede social foi despedir vários diretores e responsáveis da rede social, entre eles a pessoa que expulsou Trump do Twitter.

Trump foi suspenso, alegadamente, porque o Twitter considerou que incitou os seus apoiantes a organizarem as manifestações que culminaram com a invasão do Capitólio, a 6 de janeiro de 2021. Até então, por várias vezes alegou que as eleições de 2020, que perdeu frente a Joe Biden, tinham sido manipuladas.

Mas não é certo que o ex-Presidente dos EUA queira voltar se lhe for possível. Não só porque o próprio já disse que não o queria fazer, como até lançou a sua própria rede social, a Truth Social.

Steve Bannon

Steve Bannon Sentenced For Contempt Of Congress

Em novembro de 2020, foi Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump, a ser suspenso para sempre do Twitter. O anúncio foi feito pela rede social  depois de Bannon ter pedido a decapitação de Anthony Fauci, o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, dos EUA, e também do diretor do FBI, Christopher Wray. Mais concretamente, pediu que as cabeças fossem penduradas fora da Casa Branca como sinal de “aviso”.

Na altura, o Twitter informou que a conta foi “permanentemente suspensa por violar as regras” da rede social, como a política sobre “glorificação da violência”.

Katie Hopkins

Também em 2020, a celebridade, comentadora e colunista associada à extrema-direita, Katie Hopkins, foi suspensa do Twitter permanentemente por quebrar as regras sobre “abuso e conduta de ódio”. Hopkins, que se tornou-se famosa no programa The Apprentice, apresentado por Donald Trump, foi acusada de usar a conta para incitar ao ódio racial (entre outras, criticou o movimento “Black Lives Matter”).

No ano passado, já com o Twitter suspenso, voltou a ser notícia por más razões: foi multada pela polícia na Austrália (para onde foi para participar no Big Brother famosos) por não usar máscara. Depois de publicar um vídeo onde se gabava de desrespeitar as regras da pandemia e de descrever as medidas do país como “a maior farsa da História da Humidade”, foi deportada pelas autoridades australianas.

Austrália multa e deporta colunista britânica da extrema-direita que se gabou de infringir as regras da pandemia

David Icke

Anti-Lockdown Protests Continue As Westminster Hints At New Measures

No mesmo ano de 2020, o britânico David Icke, conhecido pelas teorias de conspiração sobre a Covid-19, juntou-se ao lote de suspensos, após violar as regras do Twitter sobre “desinformação ligada à Covid-19”.

A decisão foi tomada seis meses depois de o Facebook e o YouTube também o terem banido. Icke, de 68 anos, que tinha  cerca de 382 mil seguidores no Twitter, tinha feito, nos meses anteriores, declarações falsas sobre a pandemia, sugerindo por exemplo que o 5G estava ligado à propagação do vírus da Covid-19.

George Zimmerman

George Zimmerman Appears Before Judge On Recent Aggravated Assault Charges

George Zimmerman, que em 2012 terá matado um adolescente negro (tendo sido absolvido mais tarde), foi banido em 2015 por ter publicado no Twitter fotografias de uma mulher seminua que identificou como sua ex-namorada. Juntamente com as fotografias, também revelou o nome, o número de telefone e o email da mulher, e acusou-a de o ter enganado com um “muçulmano sujo”.

O Twitter alegou que violou a política contra a publicação de informação pessoal ou fotografias íntimas sem consentimento.

Alex Jones

Animador de rádio ligado à extrema-dieita, apresentador do programa “Infowars” e teórico da conspiração norte-americano, Alex Jones foi banido por vários comportamentos abusivos que violaram a política do Twitter. Ao todo, foram suspensas à volta de 20 contas ligadas a Jones, muito criticado por promover notícias falsas sobre acontecimentos trágicos, como os ataques de 2001 ao World Trade Center.

Twitter remove contas do apresentador de rádio de extrema-direita Alex Jones

Recentemente, este mês, foi mesmo condenado a pagar 965 milhões de dólares em indemnizações às vítimas do maior massacre escolar dos EUA, que alegou ser uma farsa — o massacre na escola primária de Sandy Hook, em 2012, onde morreram 20 crianças e seis adultos. A ação tinha sido movida por familiares e educadores.

Negacionista Alex Jones condenado a pagar 965 milhões de dólares de indemnizações às vítimas do maior massacre escolar dos EUA

Tommy Robinson

Já o ex-líder da  English Defence League, um movimento de extrema-direta no Reino Unido, foi suspenso por violação da conduta de ódio. Segundo Tommy Robinson, a decisão esteve relacionada com o facto de ter publicado que “90% das condenações de gangs de aliciamento são muçulmanos”. Tinha mais de 400 mil seguidores.

Martin Shkreli

A suspensão de Martin Shkreli estará relacionada com alegações de assédio e perseguição em relação a uma jornalista. Shkreli tornou-se conhecido depois de a sua empresa ter aumentando o preço de um medicamento usado por muitos pacientes com HIV, de 13,50 dólares para 750 dólares. Até Trump o criticou na altura — apelidando-o como um “miúdo mimado”.

Milo Yiannopoulos

Milo Yiannopoulos, que se autointitulou como o “supervilão mais fabuloso da internet”, está suspenso do Twitter desde julho de 2016, altura em que trabalhava como editor no site de extrema-direita Breitbart. Foi banido por ter incentivado mensagens de ódio endereçadas contra a atriz Leslie Jones (chegou a compará-la com um chimpanzé).

Azealia Banks

A cantora Azealia Banks viu a sua conta eliminada da rede social por tweets ofensivos, racistas e homofóbicos em relação ao ex-membro dos One Direction Zayn Malik. A artista também fez comentários homofóbicos sobre o blogger de celebridades Perez Hilton.