A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) marcou para 24 de novembro uma manifestação em Lisboa, em protesto por problemas no setor que, diz, podem por em causa a segurança da população.

O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo dirigente da ASPP/PSP, Paulo Santos, numa conferência de imprensa na qual disse que o envelhecimento do corpo policial e a sobrecarga de trabalho tornam a carreira pouco atrativa, sendo necessário dignificar a PSP, aumentar os salários e haver uma compensação pelo risco que seja digna.

Está em causa, disse, “a saúde operacional da instituição”, considerando que já há em alguns locais do país “uma incapacidade de dar resposta às necessidades das populações”.

Os problemas no setor, frisou Paulo Santos, podem comprometer a segurança das populações, risco que, disse, “só não é visível” devido ao profissionalismo dos polícias.

Na conferência de imprensa participaram também representantes da Federação Nacional de Professores, da Frente Comum (sindicatos da administração pública), do Sindicato dos Funcionários Judiciais e do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, todos manifestando solidariedade para com a luta dos polícias, afirmando que os problemas são comuns e reconhecendo a importância da polícia nos seus setores de atividade.

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Paulo Santos acusou a direção nacional da PSP de “muitas vezes” branquear as decisões políticas do Governo em relação à carreira policial e lamentou que os polícias estejam “sujeitos a constrangimentos” que podem estar a ser “pagos” pelas populações, quando a PSP não tem forma de as atender.

“A carreira na PSP não é atrativa, há dificuldades em preencher as vagas, há um envelhecimento do efetivo, há um trabalho suplementar exagerado e há uma desmotivação gritante”, disse o responsável, explicando que a decisão de marcar a manifestação decorreu de uma auscultação aos polícias, sobre os seus principais problemas e sobre que formas de luta preconizavam.

No entender de Paulo Santos, esquadras móveis ou encerramento de esquadras não são soluções, sendo urgente uma negociação efetiva das tabelas remuneratórias, uma compensação pelo risco, não de 68 euros mas faseada até 400 euros em 2024, um regulamento do trabalho suplementar ou, entre outras exigências, um compromisso sobre entradas e saídas da PSP, tendo em conta o envelhecimento do efetivo (há 3.000 polícias com os requisitos necessários para sair, disse).

Na conferência de imprensa Paulo Santos falou das reclamações das populações por não haver polícias disponíveis, disse que nas esquadras é constante estar apenas um polícia, e concluiu: “Somos de facto um país seguro, mas há indícios e ocorrências que nos preocupam, se continuamos com estas políticas dificilmente teremos capacidade de resposta em 2023”.

A manifestação nacional está marcada para as 17h 00 de dia 24, com saída da praça Luís de Camões em direção à Assembleia da República.