O Presidente de Israel, Isaac Herzog, concluiu esta quinta-feira o segundo dia de consultas com os líderes dos partidos que integram o parlamento e quando se perspetiva um apoio maioritário ao ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para formar o próximo Governo.

O primeiro encontro foi com representantes do partido ultraortodoxo Judaísmo Unido da Tora, que como se aguardava forneceu o apoio a Netanyahu após ter garantido sete lugares nas eleições de 1 de novembro.

De seguida, Herzog recebeu representantes do ultranacionalista Sionismo Religioso, outro partido aliado de Netanyahu.

Nas eleições, estes dois partidos uniram-se numa coligação com o Poder Judaico, liderado pelo extremista Itamar Ben-Gvir, um polémico político conhecido pela sua retórica racista e antiárabe.

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Esta coligação tornou-se na terceira força política com 14 lugares, e Netanyahu depende do seu apoio para o regresso ao poder.

Ben-Gvir compareceu pessoalmente esta quinta-feira no encontro com Herzog, ao contrário de enviar representantes, como fizeram a maioria dos candidatos ao cargo, e confirmou o seu apoio a Netanyahu.

Este líder de extrema-direita, pressionado para dirigir um fortalecido Ministério da Segurança Pública no novo Governo, prestou homenagem ao defunto rabi Meir Kahane, que dirigiu o movimento racista Kach.

A violenta ideologia antiárabe de Kahane, que incluía apelos à proibição de casamentos entre judeus e árabes e a expulsão em massa de palestinianos, implicou inclusive que Israel o banisse do parlamento e que os Estados Unidos incluíssem o seu partido na lista de organizações terroristas. Kahane foi assassinado há 32 anos em Nova Iorque por um árabe.

Apesar de Itamar Ben-Gvir se definir atualmente como mais moderado, Herzog disse na quarta-feira que “o mundo inteiro” está preocupado pela sua iminente chegada ao Governo, durante o encontro com o partido ultraortodoxo Shas, e quando pensava que os microfones estavam desligados.

As consultas desta quinta-feira foram concluídas com representantes do partido árabe Ra’am, que decidiu excluir-se do novo executivo, e do partido homofóbico Noam, que também manifestou apoio a Netanyahu.

Herzog iniciou na quarta-feira a maratona de consultas com os 12 partidos representados no Knesset (parlamento). O primeiro a comparecer foi o direitista Likud, de Netanyahu, vencedor do escrutínio e com 32 deputados.

Com os seus aliados ultraortodoxos e do Sionismo Religioso, assegura uma maioria de 64 lugares num parlamento com 120 assentos.

O partido Yesh Atid, do primeiro-ministro em funções Yair Lapid, recomendou o seu próprio líder e antecipou que planeia encabeçar a oposição ao executivo de Netanyahu.

Durante as consultas, cada fação pode sugerir um candidato para formar o Executivo. Netanyahu deverá ser designado no domingo e terá 28 dias para formar um Governo.

Na sexta-feira, Herzog conclui as consultas com representantes do partido Trabalhista, que apenas garantiu quatro deputados.