O presidente do Chega anunciou esta terça-feira que vai propor a realização de um inquérito parlamentar às “relações obscuras” entre o primeiro-ministro, António Costa, e a famílias do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos.

Quer o PSD venha connosco, quer o PSD não venha connosco, o Chega não vai desistir que seja investigado até às ultimas consequências aquilo que aconteceu nas relações obscuras entre António Costa e a família dos Santos. Quero anunciar que vamos propor uma comissão de inquérito parlamentar a esta relação entre António Costa e a família dos Santos neste episódio do Banco de Portugal”, afirmou na Assembleia da República.

André Ventura discursava no encerramento da primeira conferência parlamentar organizada pelo partido sobre “a Segurança Social e a sustentabilidade das contas públicas”.

Na semana passada, o Chega pediu a audição do antigo governador do Banco de Portugal Carlos Costa para esclarecer se o primeiro-ministro tentou proteger a empresária angolana Isabel dos Santos, depois de este ter afirmado, num livro, que foi pressionado para não retirar Isabel dos Santos do BIC.

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Na altura, o líder do partido indicou ter contactado o presidente do PSD, Luís Montenegro, para “avaliar a possibilidade de uma eventual comissão de inquérito sobre esta matéria”.

O Chega não pode impor sozinho a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito, pois não tem o número de deputados necessário (46, equivalente a um quinto).

De acordo com André Ventura, esta terça-feira há “ainda mais informação comprometedora sobre o primeiro-ministro”, apontando que “novas informações perturbadoras dão conta da pressão exercida sobre o antigo governador do Banco de Portugal para manter Isabel dos Santos enquanto administradora bancária”.

O presidente do Chega referia-se à notícia do jornal online Observador de que, horas depois da publicação da primeira notícia sobre o livro que se debruça sobre os mandatos de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal, António Costa enviou uma mensagem escrita ao antigo governador sobre o tema, em que dizia ser inoportuno afastar Isabel dos Santos e desmentindo que tenha dito que não se podia “tratar mal” a filha do Presidente de um “país amigo”.

Quando o país inteiro e o mundo inteiro sabiam da teia de negócios obscuros e da teia de interesses ocultos que estavam em redor das elites corruptas angolanas e nos circuitos financeiros que se moviam para a Europa e todos procuravam uma solução, segundo informações que temos hoje, António Costa procurou proteger Isabel dos Santos, procurou proteger a família dos Santos e aquele que era o Presidente angolano na altura”, criticou Ventura.

Ventura defendeu que “é grave demais que um primeiro-ministro tenha mentido ao país, mas é especialmente grave que um primeiro-ministro prefira proteger elites corruptas do que o sistema financeiro do seu próprio país”.

O presidente do Chega desafiou o PSD a “decidir se quer continuar a dar cobertura ao PS a pedido do Presidente da República ou se quer efetivamente começar a fazer oposição ao PS”.

Na mesma intervenção, centrada nos temas que marcam a atualidade, André Ventura falou também sobre a demissão do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, e defendeu que António Costa tem “de dar explicações ao país”.

“Se não der, a última palavra já só terá de ser do Presidente da República”, afirmou.

Sobre o tema da conferência, o presidente do Chega anunciou que o partido vai defender no parlamento a proposta de uma “pensão mínima garantida” para “dar dignidade aos idosos”.