Niccolo Figa-Talamanca, uma das pessoas envolvidos no escândalo de corrupção que envolve a ex-vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, vai continuar em prisão preventiva, decidiu esta terça-feira o tribunal belga de Brescia, contrariando os apelos da defesa para libertar o italiano e colocá-lo sob vigilância com pulseira eletrónica, como havia aceite anteriormente um tribunal inferior.

A decisão já foi confirmada pelo Ministério Público, que tinha recorrido da decisão inicial da justiça belga, em comunicado: “A modalidade da pulseira eletrónica, que foi entregue a NF-T [Niccolo Figa-Talamanca] pela Câmara do Conselho, foi modificada para um mero prolongamento da prisão preventiva“, cita a Reuters.

Todos os suspeitos do caso — um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa com ligações ao Mundial do Qatar — estão neste momento em prisão preventiva.

Foi essa a medida aplicada não só a Niccolo Figa-Talamanca e Eva Kaili, como também ao ex-eurodeputado Pier Antonio Panzeri e a Francesco Giorgi, que é namorado da ex-vice-presidente, ex-assessor parlamentar e fundador da organização não-governamental Fight Impunity.

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Niccolo Figa-Talamanca é o diretor-geral da No Peace Without Justice, uma organização não-governamental que “trabalha para a proteção e promoção dos direitos humanos, da democracia, do Estado de direito e da justiça internacional, e compromete-se a trabalhar dentro de três programas temáticos principais: justiça penal internacional; género e direitos humanos; e democracia no Médio Oriente e África do Norte”. Os escritórios da No Peace Without Justice tem a mesma morada em Bruxelas que a Fight Impunity.

A No Peace Without Justice seria utilizada para receber o dinheiro que vinha do Médio Oriente, mais especificamente do Qatar, e enviá-lo para os alegados corruptos. Seria uma forma de pagamento pela influência que Eva Kaili, Francesco Giorgi e Pier Antonio Panzeri exerceriam no seio do Parlamento Europeu a favor do Qatar. Tudo isto numa altura em que os desrespeitos pelos direitos humanos naquele país estavam sob escrutínio por receber o Mundial 2022.