“Na Sombra”, o livro de memórias do Príncipe Harry, foi reduzido, explicou o Príncipe Harry, em entrevista ao jornal britânico Telegraph. Apesar de o livro já revelar muitos pormenores e episódios da família real britânica, Harry manteve algumas informações na sombra, com receio de que o Rei Carlos e o irmão William, agora Príncipe de Gales, “nunca o perdoassem” caso chegassem ao público.

“Ainda há o suficiente para outro livro”, admite Harry, que garantiu que o livro, que na edição portuguesa tem cerca de 500 páginas, teria o dobro do tamanho no rascunho final. “O primeiro rascunho era diferente. Tinha 800 páginas e agora tem 400. Poderia ser dois livros, vendo a coisa assim. E a parte difícil foi deixar coisas de fora.”

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“Há algumas coisas que aconteceram, especialmente entre mim e o meu irmão, e em alguma extensão entre mim e o meu pai, que não quero que o mundo conheça. Porque sei que eles nunca iriam perdoar-me”, contou ao Telegraph, numa entrevista feita na casa de Harry, na Califórnia.

O livro já revela uma série de episódios sobre a relação de Harry com o irmão, William. Um dos que mais chamou a atenção foi a de uma discussão entre os irmãos que se transformou em agressão. Se efetivamente ficaram episódios de fora da publicação final, o Telegraph admite que esta revelação de que ainda havia mais a contar poderá deixar a família real “profundamente preocupada” sobre próximas revelações.

A vontade de “reformar” a monarquia em nome dos sobrinhos

Na entrevista Harry revela também alguns dos motivos que o levaram a escrever o livro de memórias, nomeadamente a preocupação com os sobrinhos. Harry diz que sentiu a responsabilidade de reformar “a monarquia” em nome dos pequenos príncipes – George, de nove anos, Charlotte, de sete, e Louis, de quatro. “Sei que daquelas três crianças pelo menos uma acabará como eu, o suplente”.

Em inglês, o livro de Harry chama-se “Spare”, algo que pode ser traduzido como o suplente. No livro, é revelado que era dessa forma que o Príncipe Harry se sentia, como um suplente na sombra de William, o irmão mais velho e agora o primeiro na linha de sucessão ao trono. “E isso magoa-me, preocupa-me.”

Mas Harry também admite que o próprio irmão já terá transmitido a ideia de que os sobrinhos não são da sua responsabilidade. “Ele deixou muito claro que os filhos dele não são da minha responsabilidade.”

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Harry garante que não está a trabalhar para fazer a monarquia britânica cair. “Isto não é sobre tentar colapsar a monarquia – é sobre tentar salvá-los deles próprios”, explicou, dizendo que tem conhecimento “de que vai ser crucificado por inúmeras pessoas por dizer isto”.

O livro, lançado esta terça-feira, 10 de janeiro, transformou-se num fenómeno de vendas. Em Portugal, o livro é editado pela Objectiva, do grupo Penguin Random House, e chegou às livrarias no mesmo dia que a edição internacional. A edição portuguesa esgotou na editora e a Objectiva vai avançar para uma segunda edição, que deverá ficar disponível no final da próxima semana, disse fonte editorial ao Observador. A primeira edição foi de cerca de dez mil exemplares.

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