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O ex-mercenário do Grupo Wagner que atravessou a fronteira da Rússia para a Noruega, numa fuga atribulada, diz-se agora arrependido de ter combatido na Ucrânia. Andrei Medvedev deu uma entrevista à Reuters, onde pediu repetidamente desculpa pela participação que teve no conflito.

“Muitos consideram-me um canalha, um criminoso, um assassino”, reconheceu o ex-mercenário de 26 anos. “Em primeiro lugar, repetidamente, quero pedir desculpa e embora não saiba como isto poderá ser recebido, quero dizer que lamento.”

“Quero explicar que já não sou aquela pessoa. Sim, servi no Grupo Wagner. Há alguns momentos [na minha história] de que as pessoas não gostam, incluindo ter-me juntado [ao grupo], mas ninguém nasce inteligente”, continuou.

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A partir da Noruega, onde está agora a aguardar o desfecho do pedido de asilo, disse que quer relatar a experiência que teve na guerra e pede que os “responsáveis sejam castigados” pelos crimes cometidos em território ucraniano. “Decidi opor-me publicamente, para ajudar a garantir que os responsáveis são castigados em determinados casos e vou tentar dar o meu contributo, mesmo que seja pequeno.”

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Medvedev relatou que, enquanto esteve na Ucrânia ao serviço do Grupo Wagner, testemunhou também mortes e maus tratos a prisioneiros russos que foram levados para território ucraniano para combater.

O grupo tem recorrido às colónias prisionais russas para recrutar efetivos para combater na Ucrânia. O jovem de 26 anos esteve preso até ao verão de 2022, por vários crimes, um deles roubo, mas explica que não foi recrutado enquanto cumpria pena. Decidiu juntar-se ao Grupo Wagner quando saiu da prisão, em julho de 2022. Na entrevista, justifica que se apercebeu de que existia uma alta probabilidade de ser mobilizado para combater na Ucrânia, decidindo antecipar-se a isso.

O ex-comandante relata que assinou um contrato de quatro meses com o Grupo Wagner em troca de 250 mil rublos por mês, o equivalente a 3.245 euros. Especificou que chegou à Ucrânia a 16 de julho e que combateu perto de Bakhmut. Durante a viagem, disse que as “estradas estavam cheias de cadáveres” de soldados russos e que viu “baixas pesadas”, perdendo até alguns amigos.

Medvedev contou também à Reuters a coisa mais assustadora que viu na Ucrânia. “Perceber que havia pessoas que diziam ser nossas compatriotas e que podiam surgir e matar-nos num instante, à ordem de outra pessoa.” “O nosso próprio povo. Isso provavelmente foi a coisa mais assustadora.”

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