A série de Mikel Arteta era de uma vitória em oito jogos, a série que vinha de trás era de mais seis derrotas. Se fosse pelo histórico, o Arsenal nem precisaria de entrar em campo frente ao Manchester City porque sabia de forma antecipada que não escaparia de outra derrota. Aliás, e olhando apenas para confrontos a contar para a Premier League, era preciso recuar até ao Natal de 2015 para se encontrar um triunfo dos gunners quando Arsène Wenger ainda estava em Londres e Manuel Pellegrini comandava os citizens. No entanto, os sinais foram mudando mesmo entre a “normalidade anormal desses resultados”, como se viu no recente jogo para a Taça de Inglaterra no Etihad Stadium. Agora, era pela história. Uma história maior do que o duelo entre os conjuntos que voltaram a tornar-se rivais com dois amigos em cada banco de suplentes.

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Há um vídeo de pouco mais de três minutos da Amazon Prime a lançar esta partida com várias imagens dos dois treinadores em palestras no balneário que foram sendo captadas nos documentários do All or Nothing que mostram em parte o porquê do sucesso de ambos nos atuais projetos, mesmo estando em patamares e perspetivas diferentes. Do lado de Mikel Arteta, há uma ligação quase paternal com os jogadores com um objetivo comum de ganhar os títulos que durante vários anos viram os outros festejar; da parte de Pep Guardiola, e questões táticas à parte, nota-se uma liderança mais firme e sempre à procura de aspetos que possam espicaçar um conjunto de jogadores habituados a ganhar mas que não podem perder essa fome. Mais uma vez, era este duelo que estava em causa num jogo (ainda) não decisivo mas muito importante.

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O Arsenal chegava ao encontro em atraso da Premier League na pior fase de resultados da época depois da vitória arrancada a ferros frente ao Manchester United: uma derrota com o City para a Taça de Inglaterra, outro desaire na Premier com o aflito Everton e um empate na receção ao Brentford que hipotecaram as boas hipóteses de criar um fosso mais folgado na liderança. “Terminámos o jogo com uma raiva enorme porque não foi um erro humano. Foi uma grande falta de compreensão do seu trabalho e isso não é aceitável. Custou dois pontos ao Arsenal. Agradecemos o pedido de desculpas e a explicação mas só ficarei satisfeito se nos devolverem os pontos perdidos, o que não vai acontecer”, comentou Arteta sobre a polémica com o VAR no último encontro e esperando que essa revolta possa tornar-se em força para o regresso aos triunfos.

“Quem está mais motivado? A maior motivação que tenho é não deixemos cair a Premier League apenas porque não estamos a ser quem somos. Se eles nos ganharem porque foram melhores do que nós, isso é só desporto e serei o primeiro a dar os parabéns como já fiz mas não se não estivermos lá como devemos. Se queremos revalidar o título, temos de lutar. Está nas nossas mãos. Queremos defender o título até ao último dia, a dar o máximo. É impossível ganhar duas vezes seguidas e todos os dias serem perfeitos. Eles têm algo que nós não temos porque ganhámos recentemente, a nós compete-nos encontrar outras maneiras e truques para lá chegar”, lançara Pep Guardiola perante as perguntas sobre a quebra da equipa que perdeu dois dos últimos cinco jogos no Campeonato e tinha Haaland sem golos nos derradeiros três.

Guardiola confia, a equipa continua a jogar e o Manchester City ainda tem fé (e já está a três pontos do Arsenal)

Mais do que o momento do Manchester City, era sobre o técnico espanhol que se centravam atenções entre críticas que iam chegando pela forma como lida com os adversários. “A arrogância e a falta de respeito poderão custar a Premier League a Pep Guardiola no jogo contra o Arsenal. Não faço mesmo ideia do que tem tentado fazer com a sua defesa nesta temporada mas é quase como se estivesse a tentar perder o título. Se travar o Saka, vai travar o Arsenal. É tão simples quanto isso”, apontara na antecâmara o antigo central do Arsenal e de Inglaterra Tony Adams. Saka até marcou de grande penalidade mas fez um jogo abaixo do normal. Ainda assim, o segredo para a 11.ª vitória consecutiva do Manchester City frente ao Arsenal esteve numa mudança tática a meia hora do final que funcionou como estocada final no jogo.

Numa primeira parte com várias oportunidades e maior perigo até do Arsenal, que viu Nketiah falhar de cabeça o primeiro golo numa grande jogada de envolvimento da equipa da casa, foi o City a inaugurar o marcador por Kevin de Bruyne, aproveitando um erro de Tomayasu para fazer um chapéu a Ramsdale (24′). Apesar desse “murro” que contrariou a lógica da partida, os gunners reagiram bem e conseguiriam chegar ao empate de penálti por Saka ainda antes do intervalo (42′). O segundo tempo manteve as características do jogo mas a troca de Mahrez por Akanji deu outra disponibilidade com e sem bola ao conjunto de Pep Guardiola, que chegou ao triunfo festejado de forma efusiva com golos de Jack Grealish (72′) e Haaland (82′) após assistência de De Bruyne, que sairia de campo a desviar-se de vários objetos atirados da bancada.