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O controlo da cidade de Bakhmut, epicentro dos combates no leste da Ucrânia que se prolongam há vários meses, é necessária para o prosseguimento da ofensiva russa, afirmou esta terça-feira o ministro da Defesa russo.

Esta cidade é um importante nó [das linhas] de defesa dos soldados ucranianos no Donbass. O seu controlo permitirá efetuar novas operações ofensivas em profundidade contra a defesa das Forças Armadas da Ucrânia”, declarou Serguei Shoigu no decurso de uma reunião de quadros do seu ministério, difundida pela televisão.

Bakhmut está desde o verão passado no centro de uma ofensiva russa que arrasou a cidade, mas sem implicar até ao momento a sua ocupação. Nas últimas semanas, os russos registaram ligeiros avanços e parecem agora controlar o acesso à cidade pelo norte, sul e leste, numa manobra de cerco.

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As tropas do grupo paramilitar Wagner estão na linha da frente deste ataque, ao preço de importantes perdas, segundo o seu fundador Evgueni Prigojine.

O líder deste grupo também entrou em conflito aberto com a hierarquia militar russa, que tem acusado regularmente de não disponibilizar munições em quantidade suficiente para os seus homens envolvidos na primeira linha em Bakhmut.

Ao ser interrogado esta terça-feira sobre as últimas declarações de Shoigu, o chefe da Wagner recusou comentar, apesar de sublinhar “não se ter cruzado” com o ministro em Bakhmut, que garante ter visitado para acompanhar as suas tropas.

O chefe do Wagner também apelou a “não meter a carroça à frente dos bois e dizer que tomámos Bakhmut” e quando, segundo a sua estimativa, entre 12.000 e 20.000 combatentes ucranianos ainda defendem a cidade.

Será muito complicado matar entre 12.000 e 20.000 militares ucranianos até amanhã de manhã. Os únicos ‘maestros’ capazes de fazer isso estão no quartel-general do Exército ou no [estúdio de desenhos animados soviéticos] Soyouzmultfilm”, ironizou.

Do lado ucraniano, e quando aumentam as especulações sobre uma retirada militar, as autoridades anunciaram esta terça-feira que não renunciam à cidade e vão enviar reforços.

Segundo os responsáveis ucranianos, esta batalha permite enfraquecer as linhas russas, que terão registado pesadas perdas sem garantir um avanço significativo, e quando consideram que a cidade não possui um interesse estratégico evidente.

Prigojine reconheceu esta terça-feira que “decorrem encarniçados combates dia e noite”, mas os ucranianos “não fogem”. “Possuem munições, armas (…). Morrem em grande número por Bakhmut e apenas se rendem em último recurso. Chega de os considerar cobardes”, asseverou.

Em paralelo, a Ucrânia diz estar a preparar uma contraofensiva, e quando aguarda para breve a entrega de novo armamento ocidental.

Bakhmut tornou-se profundamente simbólica devido aos esforços efetuados pelos dois lados desde o verão para controlar a cidade que hoje apenas possui 4.000 habitantes, contra cerca de 70.000 antes do início da intervenção militar russa.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus —, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).