São 363 páginas que denunciam racismo, misoginia e homofobia na Metropolitan Police, a Polícia Metropolitana de Londres. Não são apenas casos pontuais, mas “institucionalmente” intrínsecos. O relatório publicado esta terça-feira conclui que a população confia menos nessa força policial e adverte que são necessárias “reformas profundas”.

O documento apresenta, com detalhe, histórias de importunação sexual, discriminação e homofobia, como o caso de um agente homossexual que sofreu de bullying e foi demitido quando tentou falar sobre o assunto juntos dos seus superiores ou o de outro que afirmou que os colegas lhe faziam perguntar profundamente pessoais acerca da sua vida sexual.

O Telegraph nota que uma polícia, casada, disse ter sido violada por um colega mais velho (e com uma posição superior na hierarquia) várias vezes. Foi dissuadida de apresentar queixa e quando, finalmente, denunciou o agressor por má conduta, o caso foi arquivado — o que a levou a ser ostracizada pelos restantes agentes e rotulada de mentirosa.

O relatório considera ainda que a Polícia Metropolitana de Londres permanece “desproporcionalmente branca”, com o número de agentes negros, asiáticos ou outros minorias étnicas a não ser compatível com a diversidade existente em Londres. Ao ritmo atual de recrutamento seriam necessários 39 anos para atingir o equilíbrio.

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Mas há mais acusações levantadas no documento, que foi feito pedido a Louise Casey pela administração da Scotland Yard e pelo governo britânico: mais de 50% das mulheres não tem confiança na Metropolitan Police para proteger raparigas; 12% das mulheres dessa força policial relataram ter sido assediadas no local de trabalho; provas de alegados casos de violação sob investigação (desde amostras de urina a sangue) não foram utilizadas por estarem em frigoríficos lotados e, às vezes, estragados e um terço dos agentes que pertencem à comunidade LGBTQIA+ dizem ter sofrido bullying no trabalho.

Os polícias que trabalham nas unidades armadas são acusados de gastar dinheiro com equipamentos de que não precisam: desde óculos de visão noturna a roupas de camuflagem. O motivo para não cumprirem as regras é o “status de elite” que consideram ter e que, alegadamente, os tornaria difíceis de substituir.

O The Guardian explica que o relatório foi encomendado depois da morte de Sarah Everard, mulher que foi raptada e morta por Wayne Couzens, agente da Metropolitan Police. Por sua vez, a BBC explica que são feitas, no relatório, 16 recomendações para que o futuro da polícia londrina seja assegurado, incluindo um maior escrutínio e supervisão independente e atualizações regulares do progresso.

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