A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou, esta terça-feira, a decisão “absurda” das autoridades britânicas que recusaram a sua visita ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, detido há quatro anos numa prisão de Londres, apesar de uma autorização prévia.

Tínhamos uma autorização oficial para visitar Assange, tinha sido confirmada (…) mas quando chegámos de manhã cedo à prisão de Belmarsh em Londres, o funcionário da entrada disse-nos que tínhamos sido retirados da lista de visitantes”, indicou aos media Christophe Deloire, secretário-geral da organização não-governamental (ONG).

“Disse-nos que o diretor da prisão tomou esta decisão porque somos jornalistas”, acrescentou. “Esta explicação é absurda (…). Estamos aqui como representantes de uma ONG que efetua uma visita a Julian, e não na nossa função de jornalistas”.

Julian Assange, um cidadão australiano de 51 anos, é perseguido nos Estados Unidos por ter publicado a partir de 2010 mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas norte-americanas, em particular no Iraque e no Afeganistão.

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Detido em 2019 pela polícia britânica após sete anos de refúgio na embaixada do Equador em Londres, Julian Assange aguarda a decisão do seu recurso contra a decisão do Governo britânico de o extraditar para os Estados Unidos.

Está detido há quatro anos na prisão de alta segurança de Belmarsh, no leste de Londres, e a sua extradição poderá implicar uma condenação superior a 150 anos, de acordo com a defesa.

Esta terça-feira, frente ao estabelecimento prisional, Christophe Deloire “apelou à libertação” do delator e “apelou aos Estados Unidos para porem termo às suas perseguições judiciais”. “Julian estava muito nervoso por não ter podido encontrar-se” com os representantes dos RSF, testemunhou a sua mulher, Stella Asange, que visitou o detido.

“Esta decisão das autoridades britânicas de impedirem este encontro é ridícula”, acrescentou Stella, ao considerar que “a presença de Julian nesta prisão é um escândalo a todos os níveis”.

Stella Assange recordou ainda que o seu marido não comparece presencialmente perante a justiça desde janeiro de 2021.