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À medida que a tão aguardada contraofensiva ucraniana vai ganhando forma, circulam nas redes sociais uma série de documentos confidenciais que aparentam detalhar os planos dos Estados Unidos e da NATO para fortalecer as forças de Kiev em antecipação desta operação.

De acordo com o New York Times, que cita fontes ligadas à Casa Branca, os documentos de guerra foram publicados esta semana em várias páginas no Twitter e no Telegram, duas redes sociais muito utilizadas na Rússia.

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EUA preparam Ucrânia para contraofensiva

Analistas militares que analisaram os documentos dizem que estes parecem ter sido modificados em relação aos originais, com alterações nos dados que, por exemplo, exageram o número de ucranianos mortos na guerra e diminuem significativamente as estimativas norte-americanas de baixas russas.

Esta sexta-feira, uma nova vaga de documentos confidenciais foram partilhados nas redes, revelou o New York Times. Segundo o jornal, mais de 100 documentos terão sido partilhados, uma escala que, aliada à sensibilidade do conteúdo, pode representar “um pesadelo” para os Estados Unidos, comentou um responsável dos serviços secretos.

A especulação é que se tenha tratado de uma operação com origem na Rússia; em todo o caso, o revelar dos planos militares dos EUA representa uma falha grave na segurança e, potencialmente, um rude golpe para a contraofensiva da Ucrânia.

Os documentos partilhados na sexta-feira, porém, vão muito além da situação na Ucrânia. Segundo o Times, foram partilhadas informações relacionadas com a China, o Médio Oriente e terrorismo.

A Defesa norte-americana já disse estar a investigar a situação. Sabrina Singh, da comunicação do Pentágono, disse que o departamento “está ciente dos relatórios que circulam em publicações sociais e está a analisar”. O New York Times diz ainda que a administração Biden tem tentado, até ao momento sem sucesso, apagar os planos das redes sociais.

Ministro da Defesa da Ucrânia: contraofensiva esperada para abril ou maio

Os documentos revelados não oferecem detalhes específicos dos planos de batalha nem das posições das forças ucranianas e são datados de 1 de março, não sendo, por isso, recentes. Ainda assim, dizem os especialistas contêm informações suficientes para dar à Rússia algumas pistas quanto à contraofensiva — por exemplo com detalhes sobre o uso ucraniano do sistema de mísseis HIMARS que Washington e Kiev não tinham partilhado até ao momento.

[Já saiu: pode ouvir aqui o quarto episódio da série em podcast “O Sargento na Cela 7”. E ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio e aqui o terceiro episódio. É a história de António Lobato, o português que mais tempo esteve preso na guerra em África.]

Não é, para já, claro de que forma é que os planos foram parar à internet, sabendo-se apenas que vários canais russos pró-Kremlin têm difundido a sua existência na Rússia. Alguns analistas mostraram-se reticentes quanto ao conteúdo dos briefings, salientando que podem ter sido adulterados pela Rússia. “Quer estes documentos sejam verdadeiros quer não, as pessoas devem ter cuidado com tudo o que seja divulgado por fontes russas“, afirmou o investigador norte-americano Michael Kofman.

Ainda assim, partes substanciais dos documentos parecem mesmo ser verdadeiras, havendo quem considere que estes podem fornecer ao Kremlin informações importantes sobre assuntos que vão desde o calendário de entrega de armamento e munições, ao reforço dos números do exército ucraniano e outros detalhes.

Ministro da Defesa da Ucrânia confirma preparativos para contraofensiva

Ucrânia diz que detalhes sobre planos dos EUA e NATO parecem operação de desinformação russa

Mykhailo Podolyak, conselheiro de Zelensky, reagiu à notícia da fuga de supostos planos dos EUA e da NATO, que estão a circular no Twitter e Telegram. Em declarações à Reuters, sugere que se poderá tratar de uma operação de desinformação russa.

“Isto são apenas elementos ‘standard’ dos jogos operacionais dos serviços de informação russos. Mais nada. A Rússia está à procura de formas para recuperar a iniciativa”, cita o jornal britânico, referindo que pode ser um recurso “para tentar influenciar os cenários dos planos da contra-ofensiva da Ucrânia”.

É sugerido que isto pode ser uma tentativa de “tentar introduzir dúvidas, comprometer as ideias e finalmente intimidar [a Ucrânia] sobre quão informados são.”