Depois de um início de temporada francamente constrangedor, com derrotas contra o Brighton e o Brentford na sequência da novela com Cristiano Ronaldo, o Manchester United endireitou-se. Assentou arraiais na zona de apuramento para a Liga dos Campeões, somou vitórias consecutivas, eliminou o Barcelona na Liga Europa e conquistou o primeiro troféu em seis anos, a Taça da Liga. Até que foi a Anfield.

A pesada goleada sofrida frente ao Liverpool no início de março trouxe ondas de choque — tanto desportivamente como a nível interno, já que a equipa demonstrou um total descontrolo a partir do momento em que o resultado começou a avolumar-se. Depois da visita a Anfield, o Manchester United empatou com o Southampton e perdeu com o Newcastle, voltando às vitórias na Premier League apenas a meio da semana e com um triunfo magro frente ao Brentford. Este sábado, em Old Trafford, era preciso derrotar o Everton para começar a construir uma nova série positiva.

A máquina Rashford, o robô Bruno e uma equipa de humanos: United quebra série sem vitórias e volta a lugares de Champions

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“Acho que o Brentford é das melhores equipas da Premier League, são muito bem estruturados e difíceis de vencer. Tens de ser realmente bom para os vencer e foi uma ótima prestação da nossa equipa, principalmente depois do jogo anterior [contra o Newcastle], onde jogámos muito pouco. Recuperámos e mostrámos novamente que a equipa tem caráter e personalidade, o espírito é bom e isso vai ajudar-nos até ao fim da temporada, a ir jogo a jogo. Amanhã temos outro jogo complicado, porque é contra uma equipa em modo de sobrevivência e esses são os jogos mais difíceis nesta altura da época”, explicou o Erik ten Hag na antevisão da partida contra um Everton que entrava em campo no 16.º lugar e com os mesmos pontos que a primeira equipa na zona de despromoção.

Assim, o treinador neerlandês lançava Antony, Sabitzer e Jadon Sancho nas costas de Rashford, com McTominay e Bruno Fernandes no setor intermédio, enquanto que Eriksen e Fred começavam no banco, assim como Diogo Dalot. Do outro lado, Sean Dyche apostava em Simms e Demarai Gray no ataque, com Iwobi e Gueye no meio-campo, e Yerry Mina, Mykolenko e Maupay eram os destaques do banco de suplentes de uns toffees que empataram com o Tottenham na jornada anterior.

O Manchester United podia ter inaugurado o marcador ainda dentro do quarto de hora inicial, quando Wan-Bissaka falhou um golo cantado com a baliza praticamente deserta depois de Antony acertar no poste (12′). Os red devils acabaram por chegar mesmo à vantagem pouco depois da meia-hora e através de um bom lance ofensivo: Rashford aguentou cargas de vários adversários até soltar em Sancho na direita e o inglês tirou um passe perfeito a descobrir McTominay na grande área, com o médio a atirar forte de primeira para bater Pickford (36′).

A equipa da casa foi a vencer para o intervalo e ia demonstrando uma superioridade clara, até porque o Everton não tinha capacidade para travar as investidas adversárias — essencialmente pelo corredor direito do ataque, onde Wan-Bissaka estava particularmente inspirado e as dobras entre Antony e Rashford deixavam a defesa dos toffees algo perdida. Sean Dyche mexeu logo no início da segunda parte e trocou Ben Godfrey, que tinha estado especialmente fragilizado, por Mykolenko.

Ten Hag fez a primeira substituição à passagem da hora de jogo, tirando Antony para colocar Martial, e o avançado francês correspondeu de forma quase imediata. A cerca de 20 minutos do fim, Rashford aproveitou um erro da defensiva do Everton e ofereceu o golo a Martial, que quase só precisou de encostar já na grande área para aumentar a vantagem do Manchester United (71′). Ten Hag prosseguiu com a rotação, dando minutos e Eriksen e Fred, o resultado não voltou a alterar-se e Rashford ainda teve de ser substituído com dificuldades físicas.

O Manchester United venceu o Everton em Old Trafford e somou a segunda vitória consecutiva na Premier League, prolongando a obrigatória recuperação depois da pesada derrota sofrida em Anfield. E tudo começou com um cada vez mais habitual golo de Scott McTominay, que já tinha marcado quatro em dois jogos pela Escócia na pausa para os compromissos internacionais e parece continuar com a eficácia afinada.