Connor Sturgeon chegou ao Old National Bank, na baixa da cidade de Louisville, no estado norte-americano do Kentucky, em 2018, ainda era estudante universitário. Fez três estágios durante três verões. Em 2021, um ano depois de ter terminado o mestrado de Finanças Públicas na Universidade do Alabama, o jovem entra na instituição bancária com um cargo na parte comercial. Em abril de 2022, torna-se analista bancário na mesma empresa.

No entanto, o percurso profissional no Old National Bank acabaria nos próximos dias — Connor Sturgeon foi informado pela administração do banco de que seria despedido, informa a CNN internacional. Por agora, não se sabem os motivos. Já esta terça-feira, foi revelado que o homem deixou uma mensagem de voz (voice mail) a um amigo onde dizia que ia “matar toda a gente” no banco de onde estaria prestes a ser despedido.

Uma das suas colegas de trabalho, Rebecca Buchheit-Sims, indicou ao mesmo canal de televisão que não tinha conhecimento de quaisquer ameaças feitas pelo jovem, que era descrito como tendo uma “personalidade monótona”. “O seu temperamento era bastante discreto. Nunca vi o miúdo a ficar zangado ou chateado sobre nada em público. Era relaxado. Mas extremamente inteligente.”

Munido com uma espingarda, Connor Sturgeon entrou no local de trabalho às 8h38 (mais cinco horas em Lisboa) e disparou, pelo menos, contra 12 pessoas. Cinco acabaram por morrer e oito ficaram feridos. A polícia, que chegou ao banco pouco minutos depois do início do ataque, atirou contra o jovem de 25 anos, que acabou por morrer. 

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Tiroteio em banco de Louisville, nos EUA, faz pelo menos quatro mortes e oito feridos. Atirador já foi abatido

Antes de levar a cabo o ataque, Connor Sturgeon deixou uma nota – que ainda não foi tornada pública – aos pais a explicar o que o levou a cometer este ato. Não se sabe se a nota seguiu em papel ou por e-mail, nem o seu conteúdo foi publicado para já. Também foi noticiado que tinha sido deixada uma mensagem a um amigo, o que poderá ser uma referência à mensagem de voz entretanto revelada.

Além de dizer que tencionada “matar toda a gente”, Sturgeon disse ao amigo que estava com “sentimentos suicidas”, segundo o som captado pelas autoridades e revelado através da plataforma Broadcastify.

Tiroteio foi transmitido em direto através do Instagram

“É um choque total. Era realmente um bom miúdo que vinha de uma boa família”, confessou um antigo colega de turma. “Não faz sentido. Eu ainda não consigo acreditar”, sublinhou, em declarações à CNN internacional.

Nos momentos antes, nas redes sociais, o jovem de 23 anos publicou várias stories na sua conta pessoal do Instagram. Na última publicação, lia-se: “Eles não vão ouvir as palavras ou protestos. Vamos ver se eles veem isto”.

A CNN acrescenta que alguns momentos do tiroteio em curso foram transmitidos em direto através do Instagram, conteúdos que foram imediatamente retirados mas que estão na posse das autoridades, segundo uma fonte que falou com a cadeia televisiva norte-americana.

Quando Sturgeon chegou ao banco e começou a abrir fogo sobre os colegas, estaria a decorrer uma reunião entre os funcionários – com alguns a participar remotamente – antes de a instituição abrir as portas ao atendimento do público. Uma gestora do banco, Rebecca Buchheit-Sims, era uma das pessoas que estavam a seguir a reunião online, e contou à CNN que viu os colegas a serem alvejados por Connor Sturgeon, que recorda como “extremamente inteligente”.

Jovem terá sofrido várias concussões na adolescência

No ensino secundário, Connor Sturgeon jogava basquetebol, paixão que partilhava com o pai. Todd Sturgeon foi treinador da equipa de basquetebol na Universidade de Indianapolis durante dez anos. Tornou-se depois professor de História dos Estados Unidos na escola que o filho frequentou. 

A dada altura, começou a jogar basquetebol com um capacete para proteger a cabeça após as “várias concussões” que um amigo se recorda que ele teve – concussões sobretudo a jogar futebol americano. “Não estou a dizer que foi isso a causa, mas recordo-me de pensar, na altura, se ele um dia sofreria consequências” de tantos traumas cranio-encefálicos que terá sofrido na adolescência, afirmou este velho amigo, ao The Daily Beast.

Fruto do bom desempenho escolar, o jovem ganhou uma bolsa de mérito que lhe permitiu pagar parte das propinas na Universidade de Alabama. Numa publicação que escreveu em 2018 num fórum online, Connor Sturgeon confessava que as aulas “estavam a ficar mais difíceis” e que estava a ter mais dificuldades nos estudos.

Porém, o que mais se destaca nessa publicação é o facto de Connor Sturgeon confidenciar que tem problemas de “autoestima”. “Foi sempre um problema para mim”, reconheceu, afirmando que, na altura, “lutava para se integrar”. “Isso deu-me uma certa imagem negativa sobre mim que ainda persiste hoje em dia. Fazer amigos nunca foi especialmente fácil, então tenho mais experiência em operar sozinho.”

Na universidade, o jovem considerava que estava “amadurecer socialmente” e “que estava a registar melhorias” nessa área. O objetivo de Connor Sturgeon, no futuro, passava por converter-se numa “melhor pessoa”.