O presidente executivo da Galp, Filipe Silva, disse esta quinta-feira que a empresa está a tentar que a refinaria de Sines “não sofra os mesmos efeitos que Matosinhos”, frisando que precisa de investir e de um ambiente competitivo justo.

“A concentração da atividade de Matosinhos em Sines também não é um “silver bullet” [bala de prata]. Estamos a tentar assegurar que a refinaria de Sines não sofra os mesmos efeitos que Matosinhos”, disse o presidente executivo da empresa.

Segundo Filipe Silva, que falava na Grande Cimeira do Fórum Sustentabilidade e Sociedade, que decorreu esta quinta-feira e sexta-feira nos Paços do Concelho de Matosinhos, no distrito do Porto, será necessário à Galp “apostar muito dinheiro para reconverter a própria refinaria de Sines”, no distrito de Setúbal.

“Vamos ter que investir muito dinheiro em Sines. Muito dinheiro”, reforçou, assinalando que “Matosinhos continua a funcionar como grande parque logístico, a abastecer todo o Norte do país e parte de Espanha”, mas quando a parte industrial fechou “as emissões da Galp caíram 25%”, pelo que ainda há 75% das emissões operacionais “que têm de ser objeto de redução”.

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Segundo Filipe Silva, “de longe, a unidade industrial que mais emite em Portugal chama-se refinaria de Sines”.

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“É não só a maior unidade industrial de Portugal, de longe, mas também aquela que tem mais investimento de descarbonização à vista”, dizendo o presidente executivo da Galp que a empresa vai investir no processo de eletrólise ‘verde’, ou seja “ficar com o hidrogénio e já não emitir o carbono, que é o que acontece com a produção atual”.

Mais tarde, dirigindo-se ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, presente na audiência, Filipe Silva disse que para atingir os 600 megawatts de capacidade instalada de eletrólise até ao fim da década, são precisos “1.500 megawatts de capacidade instalada de produção de eletricidade verde e as suas ligações à rede”, algo “absolutamente vital”.

Filipe Silva calculou em 2,2 mil milhões de euros de investimentos o “compromisso que a Galp vai pôr para descarbonizar Sines, de longe o maior projeto industrial jamais visto” em Portugal.

“Tudo isto pago com dinheiro da Galp”, sendo também uma forma de “reindustrializar Portugal”, sendo “fundamental que o país acarinhe as empresas e não seja só hotéis e restaurantes”, mas também empresas “de base e natureza industrial”.

O responsável pediu ainda que “quem faz um investimento em Portugal é tratado de uma forma que não é discriminatória contra aqueles que depois conseguem pôr cá o produto de uma forma muito mais competitiva”.

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Estamos só a pedir que não nos taxem, que é um grande tema que a Galp tem hoje em dia. Não queremos ser discriminados negativamente, sobretudo do ponto de vista fiscal”, frisou o responsável.