A Ordem dos Notários (ON) indicou esta sexta-feira estar disponível para dialogar com o Governo sobre a alteração dos estatutos das ordens profissionais e “empenhada no aperfeiçoamento” da mesma em defesa do serviço público.

Em comunicado, a ON dá conta da sua “total disponibilidade para trabalhar com o Governo na construção de uma solução que permita a prestação de mais e melhores serviços aos cidadãos e às empresas”.

“A Proposta de Lei, agora apresentada, constitui um ponto de partida para o diálogo e é uma base para chegarmos a um diploma que acautele a natureza intrinsecamente pública das nossas funções”, disse o Bastonário da Ordem dos Notários, Jorge Batista da Silva, citado no comunicado.

A preocupação dos notários é “assegurar a existência de um Cartório em cada concelho do país e evitar que as populações dessas regiões deixem de ter serviços notariais e que a natureza imparcial da função não seja substituída pela mercantilização da atividade”.

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Os estatutos das ordens profissionais estão a ser revistos na sequência da alteração da lei que regula estas instituições, algumas das quais já se manifestaram contra as mudanças.

Na quinta-feira, a Ordem dos Advogados anunciou que vai lutar e utilizar “todos os meios ao dispor”, nomeadamente “parar a justiça”, para protestar contra a proposta do Governo de alteração aos estatutos, que considera violar os princípios do Estado de Direito.

Advogados vão usar “todos os meios ao dispor” contra proposta do Governo para atualização dos Estatutos da Ordem

“Todos os meios ao dispor vão ser utilizados pela Ordem dos Advogados (OA) e faremos parar a justiça se for necessário”, disse à agência Lusa a bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro, sustentando que se vão manifestar contra “tudo aquilo que viola o respeito pelos direitos, liberdades e garantias das pessoas”.

Considerando a proposta “inaceitável”, a OA apelou “à advocacia que se junte em peso a esta luta em defesa do Estado de direito democrático, dos direitos, liberdades e garantias das pessoas e bem assim da dignidade da profissão”.

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Carlos Cortes, também manifestou há uma semana preocupação face à proposta do Governo para os novos estatutos, afirmando que “pode estar em causa” a missão e o papel da classe e admitindo eventuais medidas de luta.