Depois de António Costa ter feito uma nota nas redes sociais sobre os incêndios de Pedrógão Grande, avançando que a inauguração do memorial de homenagem às vítimas estava dependente da autarquia, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande negou qualquer responsabilidade do seu executivo e o primeiro-ministro acabou por eliminar a publicação e substitui-la por outra, em que indicava que, afinal, a data seria escolhida “pela CIM”, a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.

Questionado pela agência Lusa, António Lopes disse que não depende da Câmara a inauguração do memorial, que abriu na quinta-feira, junto à Estrada Nacional 236-1, na zona de Pobrais, Pedrógão Grande, com o nome das 115 vítimas mortais dos fogos naquele ano, sem qualquer cerimónia.

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“Acho que devia existir uma cerimónia em homenagem à memória das vítimas, mas apenas fui previamente informado pela Infraestruturas de Portugal que o monumento ia abrir ao público“, referiu o autarca.

No dia em que passam seis anos sobre os trágicos incêndios que vitimaram 66 pessoas em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, António Lopes frisou que nunca foi contactado pelo gabinete do primeiro-ministro, António Costa, para escolher uma data para realizar uma inauguração ou homenagem.

António Costa falou este sábado sobre a memória das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande numa mensagem no Twitter, indicando que uma homenagem acontecerá em data a escolher pela autarquia.

Com o município de Pedrógão Grande não houve qualquer contacto nesse sentido“, voltou a sublinhar o presidente da Câmara, recusando comentar a mensagem publicada ao final da manhã pelo primeiro-ministro.

“Não há ano que passe que nos faça esquecer a tragédia”. António Costa relembra vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande

Na mesma linha, também a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) disse desconhecer a informação dada pelo primeiro-ministro. A presidente da associação, Dina Duarte, considerou “surpreendente” a comunicação de António Costa, que entendeu ser “muito pouco” para aqueles territórios.

A responsável referiu que a forma do líder do Governo se dirigir às pessoas dos territórios afetados pela tragédia de 2017 “não é a melhor” e lamentou que não mereçam “outro tipo de comunicação e de atitude, num território que há seis anos sofreu tanto”.

Da autoria do arquiteto Souto Moura, o Memorial de Homenagem às Vítimas dos Incêndios Florestais de 2017 inclui um lago de enquadramento, com cerca de 2.500 metros quadrados de área, alimentado por uma gárgula com 60 metros de extensão, sendo bordejado por uma faixa de plantas constituída por nenúfares brancos, lírios e ranúnculos.

Segundo a IP, dona da obra, “o memorial inclui também, como peça fundamental, um muro com a inscrição do nome de cada uma das 115 pessoas vitimadas nos incêndios florestais de junho e outubro de 2017”. O memorial representou um investimento de 1,8 milhão de euros do Governo.