Numa altura em que ainda se esperam novidades do Titan, o submersível que desapareceu no domingo levando consigo cinco tripulantes que pretendiam ver pelos seus olhos os restos do Titanic, surgem testemunhos das poucas pessoas que até hoje fizeram a mesma viagem. Uma delas foi o youtuber mexicano Alan Estrada, que não só viajou até aos restos do navio no ano passado como documentou em vídeo toda a viagem para os seus 3,4 milhões de seguidores, sabendo que estava a “arriscar a vida”.

Numa conferência de imprensa que organizou depois de ser contactado por vários órgãos de comunicação, Estrada explicou a sua experiência e os riscos que sabia que esta implicava. Até porque os documentos que teve de assinar antes de entrar no submersível “explicavam exatamente todos os riscos”, “inclusivamente o de perder a vida, claro”, conta, citado pelo El País.

“Sabíamos que isto era uma expedição incrivelmente arriscada, sabíamos que não estávamos a ir para um parque de diversões”, lembra, dando um exemplo do conteúdo dos documentos que era preciso assinar antes de entrar: os viajantes teriam de garantir que não sofrem de claustrofobia.

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O youtuber, que considera a viagem que fez “espetacular” — e que só aconteceu em 2022 porque em 2021, quando esteve inicialmente marcada, a empresa teve um problema com o sistema que permite voltar a puxar para a superfície o submersível–, também enfrentou riscos: num dos quatro vídeos em que documentou a sua experiência, e que estão disponíveis no Youtube, Estrada mostra que o submersível está a perder a comunicação com o exterior.

Nessa altura, chega mesmo a ser equacionada a hipótese de regressar preventivamente à superfície, como o protocolo estabelece, e o piloto até diz que vão fazer uma “última tentativa” de comunicar com o exterior. É nessa altura, já a mais de dois mil metros de profundidade, que conseguem fazê-lo — e Estrada comenta para os seus seguidores que isso são “excelentes notícias”, que lhes permitirão seguir viagem.

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O youtuber explica agora que a viagem, “muito cara”, lhe custou na altura 150 mil dólares (136 mil euros), menos do que custou aos últimos tripulantes (230 mil euros) e que teve de procurar patrocinadores para a pagar. A viagem era então “experimental” e foi aumentando de preço à medida que foi acontecendo mais vezes com êxito, explica, embora nem sempre corresse como previsto: o grupo que viajou antes do de Alan tinha estado 27 horas debaixo de água porque houve dificuldades em voltar a trazer o submersível à superfície.

Estrada considera que os protocolos de segurança pareciam, na altura, “sérios” — “todos os sistemas eram revistos” a cada passo, pelo que constatou. Mesmo assim, e elogiando a viagem, admite que não a faria de novo.